A GRIPE EM NOSSA REGIÃO
A mídia
tem noticiado a todo instante a questão da Gripe H1N1 e tem causado certo
alarde em nossa região. No entanto, não
apenas o Brasil mas o mundo já passou por coisa semelhante e muito pior,
que nossos avós e bisavós relatam com o nome de GRIPE
ESPANHOLA; que recebeu este nome devido ao grande número de mortos na
Espanha e por esta não estar ativamente na PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
pode noticiar e dar maior atenção aos acontecimentos civis.
O primeiro surto de 1918 apareceu em
fevereiro de forma muito contagiosa porém não fatal, com febres e mal estar, no
segundo surto em agosto ela foi muito
mais forte causando inúmeras mortes numa época onde os antibióticos eram
desconhecidos. A tal gripe,
também chamada de pneumônica foi causada por uma virulência do vírus Influenza A do subtipo H1N1. A doença foi observada pela
primeira vez nos Estados Unidos, em pouquíssimo tempo, principalmente pelo fato
da grande guerra e movimento de tropas em portos espalhou-se por toda a Europa
e logo em seguida atingiu a Índia, Ásia e a
América do Sul, fazendo ao todo segundo estimativas mais de 50 milhões
de vítimas.
Nas trincheiras tropas inteiras adoeciam com
sintomas de dores de cabeça,
febre e falta de ar, em poucos dias,
morriam de insuficiência respiratória com os pulmões cheios de líquido. Só para
se ter uma idéia morreram mais soldados norte-americanos pela gripe do que
pelos combates.
No Brasil
ela chega em setembro de 1918 possivelmente através da Missão Médica enviada
para ajudar os doentes no porto de Dacar-Senegal (colônia francesa) ou
através do navio Demerara, vindo da Europa, em poucos dias haviam sintomas da
gripe no Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A gripe
vitimou nosso presidente eleito para um segundo mandato RODRIGUES ALVES
impedindo-o de tomar posse e ainda a
grande educadora ANÁLIA FRANCO.
Com a gripe espalhando-se nas grandes cidades
e com total desconhecimento de como impedir o contágio e curar os doentes
pedia-se que evitassem aglomerações, assim muitos refugiaram-se no interior e
com eles a doença chegava as pequenas cidades e na zona rural.
Para curá-la tentaram em vão pitadas de fumo,
queima de ervas e incenso para desinfetar o ar, uso de quinino para febres,
alhos, compressas, chás, e toda sorte da medicina popular.
Joanópolis e Piracaia foram atingidas tendo
suas vítimas e ao mesmo tempo a união de muitos em socorro dos chamados GRIPENTOS.
Em Piracaia o Coronel Tomaz Cunha conseguiu a construção de um Grupo
Escolar em 1914, dado aos inúmeros casos da gripe em 1918 e 1919 todas as aulas
foram suspensas e o grupo transformou-se em hospital para atender as vítimas da
epidemia, através da ajuda da população foram adquiridos numerosos leitos,
organizou-se uma farmácia, contratou-se enfermeiros e os casos mais graves eram
transferidos para a capital. Joanópolis também deve seus inúmeros casos,
improvisando leitos, isolamentos e muitos sendo tratados nas próprias casas ou
fazendas, transferindo para cidades vizinhas
numa ocasião precária de transportes.
Muitos morreram nesta época.
A gripe
espanhola marcou a história mundial fez suas vítimas e destacou pessoas
solidárias que não tiveram medo da doença e foram dedicados no auxilio ao
próximo e na mobilização de recursos públicos
e particulares mais para socorrer os doentes e enterrar os mortos do que
para controlar este desconhecido vírus.
Decorrido mais
de noventa anos nos debatemos novamente com um novo vírus, porém os tempos são
outros e esperamos que o conhecimento do passado evite os erros cometidos
naquela época, onde chegou-se mesmo a pensar que o mar seria uma barreira
contra o vírus.
Prof. Valter Cassalho