OVOS DE COELHOS
ASSIM NASCERAM OS COELHOS DA PÁSCOA
Quem nasceu primeiro - o ovo ou a galinha ?
Pergunta indecifrável até nossos dias; mas para piorar, pergunto: Quem nasceu
primeiro – o Ovo ou o Coelho???
Bem, esta história é longa e entra de toca em toca
nos milênios obscuros do passado. A Igreja Cristã foi grande em seu poder
persuasivo de marketing e para coibir as práticas pagãs, apagar o passado e
acabar com o paganismo utilizou a técnica da sobreposição cultural. Assim,
sobrepôs a data do nascimento de Cristo no período do nascimento do deus pagão
Mitra e outras datas sobre as datas festivas pagãs, que acabaram fundindo-se em
cuja mistura sobressaiu a roupagem da cristandade.
Bem, entendamos a Páscoa Cristã no período da
primavera do hemisfério norte, calculada como o primeiro domingo, após a
primeira lua cheia, após o dia 20 de março, data em que volta o sol em sua
trajetória após o inverno, trazendo nova luz ao mundo. Povos pagãos da Europa destinavam muitas festas
nos chamados equinócios (época em que o Sol passa pelo equador, fazendo os dias
iguais às noites em todo o mundo). No
final de março acontecia a festa a deusa da mitologia nórdica Eostre ou
Ostera deusa da fertilidade e do
renascimento, relacionada a aurora.
O ecos das antigas tradições dizem que Eostre era
afeiçoada por crianças e vivia rodeada por elas divertindo-as com sua presença
e magias. Certo dia, sentada com suas
crianças uma ave sentou em suas mãos e a deusa transformou-a em uma LEBRE (não
em coelho) e deu para as crianças brincarem. Porém depois de muitos dias as
crianças notaram que a lebre vivia triste, saudosa de sua forma original, de
seu canto e de vôo, pediram então para que Eostre voltasse a lebre em sua forma
de pássaro. Eostre tentou de todas as formas e não conseguiu desfazer o
encanto, por estarem no inverno ocasião em que seu poder diminuía. Assim,
depois que passou o inverno e veio a Primavera e Eostre cheia de seu poder pode
finalmente voltar a lebre na forma de pássaro.
O pássaro ficou feliz e botou vários ovos em agradecimento. Em
celebração a sua liberdade as crianças pintaram os ovos e o pássaro novamente
transformado em lebre e a pedido de Eostre saiu distribuindo os ovos lembrando
que não se deve interferir no livre-arbítrio de ninguém. Para eternizar este ato,
Eostre entalhou a figura de uma lebre na lua que pode ser vista até hoje.
Nasceu deste acontecido o costume de presentearem-se com ovos pintados e
relembrarem tal história.
Existem muitas variações desta história e vale
lembrar também que ovos já eram pintados ou tingidos com folhas de cebolas e
beterrabas e distribuídos na primavera no
Oriente e entre outros povos da antiguidade, com símbolo de nascimento e
fertilidade. Muitos ovos após serem assimilados pela cultura cristã viraram
obras de arte e jóias preciosas. O chocolate só apareceu nos fins do século XVIII
e XIX chegando até nossos dias
com seu simbolismo e doce paladar.
Bem, este relato mítico serve para mostrar tanto o ovo como um
símbolo de aparente morte e cheio de vida por dentro e a lebre como
representante da fertilidade está presente nos mais diversos povos e
épocas, sendo que os símbolos adaptam-se de acordo com a necessidade do nosso
imaginário ou mística. Basta lembrar que
alguns vêem nas manchas da lua um feto, outros o São Jorge e na época da
bondosa Eoste viam a lebre dos ditos ovos que hoje são ovos da páscoa cristã.
Portanto, mesmo que você compre
COELHOS por LEBRES ou independente do que significam o ovo, a lebre e a páscoa
para você, desejo uma FELIZ PÁSCOA, e que seus dias sejam repletos de
fertilidades e renascimentos, doces como chocolates, fortes como os ovos e
alegres como as lebres.
Valter Cassalho
Comissão
Paulista de Folclore
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