TRIBUTO AO PADRE DOMINGOS SEGURADO
(p/Valter Cassalho - fevereiro/2018)
Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o
ser estimado é melhor do
A Praça Padre Domingos Segurado está localizada no
centro da cidade de Joanópolis, sendo um dos mais importantes locais do
município, infelizmente sabemos pouco dos detalhes da vida de seu patrono e nem
fotos possuímos deste importante personagem que marcou a história de
Joanópolis.
A igreja de Joanópolis é um grande símbolo em nossa
cidade, um marco histórico, artístico, arquitetônico e religioso, e graças a
este homem o majestoso templo ergueu-se imponente e digno das grandes famílias
daquela época.
O frei da Ordem de Santo
Agostinho, DOMINGOS SEGURADO PASCUAL, em alguns documentos constam Domingos
Pascual Segurado, nasceu na cidade de Fermoselle na província de Zamora, no
norte da Espanha, era filho de Cipriano Segurado e de dona Emilia Pascual, por lá deve ter crescido e ingressado na vida
religiosa.
Em Joanópolis, chegou aqui por
volta de 1910, pois consta nesta época ele recepcionando o primeiro arcebispo
de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, com grandes pompas. Foi nesta data e
nesta visita que firmaram a ideia da construção da igreja Matriz dedicada ao
padroeiro São João Batista em
substituição a primitiva capela que aqui existia, providenciando a planta para
a sua construção. O vigor do padre Domingos Segurado, agregando a força dos
grandes fazendeiros no auge da produção cafeeira, mais o trabalho voluntariado
dos fiéis, em incontáveis mutirões, fez a audácia em construir o majestoso
templo que hoje coroa nossa cidade.
Participou efetivamente de
um centro recreativo e cultural, o CENTRO CURRALINHENSE, inaugurado em 1911,
local para grandes bailes da sociedade daquela época, saraus literários e
aquisição de livros para biblioteca e assinatura de jornais. Ocupou o cargo de Orador em praticamente todas
as diretorias e eventos. Em outubro de 1913 requereu à presidência que adquirissem a coleção Biblioteca Internacional de
Obras Célebres, o que foi feito de imediato e paga em várias prestações, sendo
esta coleção a predileta dos associados. Era ainda interessado por uma das grandes invenções da época, uma
novidade que começava a chegar as pequenas cidades, o CINEMA.
Esteve presente na conferência do dr. Afonso de Carvalho em 1917 para a mudança do nome de São João do Curralinho
para Joanópolis (a cidade de João), juntamente com importantes cidadãos. Neste
ano residia com ele, auxiliando seus trabalhos o Frei Victor Merino (Victor
Merino Blanco, faleceu em Caudete – Albacete-Espanha - 12/02/1935), também da
Ordem de Santo Agostinho. Padre Domingos Segurado era conhecido como um homem
de baixa estatura, rosto muito corado, sempre com o hábito agostiniano e era um
dos grandes oradores do município, com forte sotaque que possuía, subia ao
púlpito da igreja ou do Centro Curralinhense e discorria sobre qualquer assunto
com grande maestria.
Com a igreja matriz pronta
por dentro, faltando ainda a parte externa com o reboco, relógio etc; fez uma
campanha entre famílias tradicionais da cidade e angariou fundos para a
aquisição das imagens sacras, sendo que tais famílias uniram-se e deram
dinheiro para a compra de um conjunto completo para os ofícios da missa, em
especial para o padroeiro e a semana santa. Assim no inicio de 1925 partiu para
a Espanha. Só para lembrar que nesta época, com a precariedade de estradas e
veículos talvez tenha saído numa charrete ou a cavalo e ido até Piracaia pegar
o trem até a Capital, onde acertou detalhes e documentos, embarcou em Santos em
algum navio e dali para seu País de origem. Visitou algumas amigos e familiares
e seguiu para Barcelona, onde comprou o conjunto sacro: Jesus no Domingo de
Ramos, Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Dores, Jesus Crucificado, Jesus
Morto, Jesus Ressuscitado, os quadros da via crucis (que vieram escrito em
espanhol e mais tarde foram mudados para o português), a belíssima imagem de
Santa Luzia e o nosso PADROEIRO SÃO JOÃO BATISTA. Todas adquiridas em uma das
casas de arte sacras mais tradicionais da Europa, a Casa da Viúva de Reixach (fundada em 1874, pelo escultor Joseph
Reixach Campanyà cujos Meninos Jesus são figuras centrais de sua produção,
inclusive o exposto no natal em Jerusalém até hoje). Comprou ainda alguns relógios de parede,
despachou com as imagens para o Porto de Santos no Brasil, e estes após meses vieram
para Piracaia de trem e de lá os grandes caixotes vieram em carroças e no lombo
de burros até Joanópolis. O jornal o Progresso de abril 1925 noticia que o prefeito
Coronel João Ernesto Figueiredo conseguiu junto a companhia de estradas de
ferro Railway o traslado gratuito das imagens de Santos até a estação final em
Piracaia. A chegada das imagens causou
entusiasmos e todos seguiram os grandes caixotes até a igreja, na imensa
curiosidade em vê-las. Padre Domingos Segurado alegremente abriu uma a uma e
fez uma grande festa para suas bênçãos e entronização. Os relógios de parede
foram vendidos para ajudar a pagar as despesas da viagem e compra das imagens,
existindo ainda hoje três, que foram adquiridos por algumas famílias
tradicionais.
Com a criação da Diocese de Bragança
Paulista em 1925, passando Joanópolis a fazer parte desta, desligando-se da
Arquidiocese de São Paulo; e com a
chegada do primeiro Bispo em 1927 e este reorganizando todas as paróquias,
Padre Domingos Segurado deixou nosso município, voltando para São Paulo,
deixando muitas saudades e agradecimentos no coração de todos que com ele
conviviam.
Em janeiro de 1929 teve uma nova incumbência. Assumiu como o primeiro pároco da paróquia de Santo Agostinho no bairro da Liberdade em São Paulo, onde ficaria até o dia 26 de setembro de 1934. Neste ano com apenas cinquenta e sete anos, veio a falecer na Casa de Saúde Santa Rita naquela capital, vítima de anthraz (carbúnculo) e diabetes, sendo sepultado no Cemitério do Santíssimo Sacramento. A noticia foi recebida com muita tristeza em nossa cidade.
Em janeiro de 1929 teve uma nova incumbência. Assumiu como o primeiro pároco da paróquia de Santo Agostinho no bairro da Liberdade em São Paulo, onde ficaria até o dia 26 de setembro de 1934. Neste ano com apenas cinquenta e sete anos, veio a falecer na Casa de Saúde Santa Rita naquela capital, vítima de anthraz (carbúnculo) e diabetes, sendo sepultado no Cemitério do Santíssimo Sacramento. A noticia foi recebida com muita tristeza em nossa cidade.
O Jornal O Piracaiense, referindo-se a Joanópolis, dedicou
algumas palavras sobre este homem em setembro de 1935, que passo a transcrevê-las: “Joanópolis assistirá no dia 26
de corrente, a passagem do primeiro aniversário da morte do Reverendo Padre Domingos Segurado. Recordar a
vida desse ilustre sacerdote que, nesta terra, soube dar os mais edificantes
exemplos de trabalho é avivar no coração do nosso povo a lembrança de um grande
vulto, cujo desaparecimento a sociedade sinceramente lamenta.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4omn3C7Eg17EBf0-aCUiD2gENFvZzF7fcHpO_rsfVe65Q_FRa8ZWX2IJiVLfVP9BwJO6JvJxkMwDzfF3GY2UOUl7FCG8l8H_H7sNqKHC5psd1CD1RnowNPDzIOMjLrlzr2nOEC42tfZ0t/s320/igreja1962.jpg)
Separado embora
pela distância, ele trazia ainda na retina o perfil das nossas montanhas que se
elevam em contornos admiráveis. Seu
coração continuava ainda a pulsar pela nossa terra, pela terra onde se formara
a mais bela das suas aspirações, quando, inesperadamente, a morte, que não
distingue os gigantes dos pigmeus vem arrebatá-lo ao mundo! Morte traiçoeira!
As suas mãos negras não estabelecem distinção entre os homens, roubando-os
todos, para que no mundo, floresça sempre carregadinha de pomos, a árvore da
saudade. A saudade, hoje sentimos nós, joanopolenses, ao evocar a figura
inolvidável do Padre Domingos. Mas, para que o seu nome jamais seja esquecido
entre nós, e possamos conservá-lo brilhante, aos olhos de todos, tomamos a
liberdade de lembrar ao nosso prefeito municipal, de cuja inteligência muitos
benefícios tem colhido a população joanopolense, a mudança do nome de uma das
nossas praças principais para ao nome de “Padre Domingos Segurado”. Já
temos ruas com os nomes de Anselmo
Caparica e Luiz Figueiredo, construtores da nossa grandeza! Nada mais justo de
que tenhamos agora uma praça com o nome do ilustre sacerdote, a cuja memória
Joanópolis rende a sua homenagem de
terna gratidão”. A Praça realmente recebeu o referido nome, e até hoje seu nome
está imortalizado na Praça, mas em especial a todos que visitam nossa história
ou que adentram a igreja matriz e se deparam com as belas imagens espanholas ou
ainda que vislumbram nossa majestosa matriz.
Ao padre DOMINGOS SEGURADO nosso eterno obrigado e que
Deus sempre o guarde em sua infinita Luz.
Professor
Valter Cassalho
Fevereiro/2018
Agradecimento
a Paroquia de Santo Agostinho na Liberdade em São Paulo,
através do
Frei Mario.
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