MAÇONARIA EM JOANÓPOLIS - 105 ANOS DE EXISTÊNCIA
(21/08/1907 - 21/08/2012)
Foto: Solenidade maçônica do Curralinho, pelos idos de 1907, nas quais figuram os srs. Antonio Moscardini, Teotonio Santana, João Santana, José Cândido da Silveira, Carlos Vítor, Francisco Wohlers, ----- Palmiro, João Ferreira de Melo, João Villaça, Cap. Antonio Mathias Franco, Olympio da Silva, Benedito Ribeiro da Silva, Pedro Klaus, José Lopes de Moraes, Estelita Ribas, Lázaro Faria Teles, Evilasio Caparica, Nabor Silva, Gregório de Souza Rego, Luiz Ottoni de Almeida, Braulio Alvares.
UM MOSAICO DE FATOS
(p/Valter Cassalho)
Falar dos primórdios da
Maçonaria em Joanópolis, é um pouco difícil, dado a escassez de documentos e
obstáculos criados nos arquivos de algumas Lojas, os quais praticamente não
possuem catálogos ou índices. Muito dos históricos que chegaram as minhas mãos,
são fragmentos que juntados com a argamassa da boa vontade formam um pequeno
mosaico em cujo jogo de luz e trevas nos revelam um pouco da face da maçonaria
em nossa cidade.
Joanópolis, outrora São João
do Curralinho foi fundada oficialmente em 1878, tendo naquele momento alguns
maçons presentes na construção da vila de São João do Curralinho, com destaque
especial para Luiz Antonio Figueiredo e Anselmo Gonçalves Caparica,
pertencentes a Loja Amor da Pátria de
Bragança Paulista (antiga Conceição do Jaguary).
No dia 17 de outubro de
1898, em publicação do Jornal “O Munícipe”, foi noticiado a organização de uma
Loja Maçônica na cidade, porém há a ressalva de um irmão sobre o fato, o qual
transcrevo na íntegra: ”Consta-nos que vae-se organisar nesta villa uma loja
maçônica. E’ cedo para isso, caros irmãos, possivelmente o autor era Augusto
Sodré de Farias, redator do dito jornal. No entanto, pelo que consta não
conseguiram naquele momento tal intento.
Com a morte de Anselmo
Caparica em 30 de junho de 1902, o jornal o Curralinhense ao publicar sua
biografia, cita: “Anselmo Caparica foi também sócio-fundador d’uma loja
Maçônica em Bragança em 1877”. Esses dois fatos indicam que existia uma certa
intimidade entre a Maçonaria, a Imprensa e a
intelectualidade local, pois se assim não fosse, para não causar
balbúrdia, estes fatos não seriam publicados num jornal com tanta naturalidade.
Ao que tudo indica assuntos maçônicos eram comuns no cotidiano da pequena
classe dominante do município e obviamente, dado aos nomes nela envolvidos,
deveriam ser muito respeitados.
As reuniões desses maçons
ocorreram a principio em Bragança Paulista e mais tarde em Piracaia, as quais
tiveram seu inicio nas discussões políticas e econômicas nas “casas de
assistir” pertencentes aos coronéis do café, localizadas na sede municipal
(Piracaia). Obviamente dentro de tais discussões que adentravam a noite, deve
ter surgido o gérmen da Loja de Piracaia e mais tarde de Joanópolis. Para as
reuniões os moradores de Curralinho se
dirigiam a cavalo e dado a distância, muitas reuniões eram feitas durante o dia
e quando realizadas a noite aos
visitantes era oferecido o “pouso” nas fazendas ou mesmo na cidade.
Em 29 de maio 1903, Antonio
Luiz da Silveira (*1868+1933), escrivão de paz de S. João do Curralinho, membro da Loja de Piracaia (a qual seria
regularizada em outubro), envia oficio ao sr. Emidio Heider, comunicando sua
ausência e de outros irmãos, bem como informa sobre documentos de Carlos
Trindade (*1876+1909).
Em 1905, o sr. Benedicto Costa, mestre maçom, morador do
Curralinho, partia em viajem para a Itália pelo período de três meses,
comunicando e augurando ordem e
progresso a Loja Maçônica Triângulo e
Luz e segurança à sua família. Já em outubro de 1906, os srs. Luiz Ottoni de
Almeida e Antonio Pedro de Oliveira, também moradores do Curralinho, eram
iniciados nos mistérios maçônicos na
Loja de Piracaia. No ano seguinte, a
comissão da Loja Triângulo e Luz, composta pelos curralinhenses: Nabor Silva,
Antonio Pedro de Oliveira, João Gonzaga Villaça, fez visita oficial ao
maçom José Gomes Faria Telles, para
inteirar-se sobre seu estado de saúde. Neste mesmo ano é comunicado uma lista
de alguns irmãos do Curralinho, para acertarem documentos com a referida Loja, na qual constam os mestres :Carlos
Trindade, Alipio Fernandes Cardoso, Benjamin Ferreira de Moraes, Antonio Luiz da Silveira (18),
Francisco Wohlers (18), João Gonzaga Villaça, Luiz Antonio de Almeida, José
Lopes de Moraes, Theotonio Sant’Anna, Manoel Fernandes de Almeida, Carlos
Victor, os filiados Claudio Alvarez e Luiz Belardi, os aprendizes Lázaro
Antonio Pereira e Antonio Pedro de Oliveira
Dado ao aumento dos maçons
curralinhenses inicia-se um movimento para a fundação de uma Loja própria. Esse
movimento começa a tomar corpo no inicio de 1907, reunindo-se numa loja
provisória, a qual após os preparos materiais e legais conseguiram autorização
para regularização, sendo inaugurada em
21 de agosto do ano de 1907. Porém documentos de maio e agosto de 1907 já
eram feitos em papel timbrado com o nome de Augusta e Respeitável Loja “Moral
de Liberdade”, provando que a oficina provisória já existia há algum tempo,
estando bem equipada e organizada. Segundo informações verbais dita loja
localizava-se em uma casa do lado de baixo do antigo largo da Cadeia. Assim era
expresso o convite de inauguração:
Em 1907 desfiliaram-se da
Loja de Piracaia, o sr. Braulio Alvarez
(*1871+1913) e o sr. Manoel Fernandes de Almeida (*?+1918), provavelmente para
se filiarem a Loja de sua cidade. No ano seguinte no documento de desfiliação
de Miguel Marota (app), aparece a seguinte diretoria Venerável Nabor Silva,
orador Evilásio Caparica, secretário Luiz Ottoni de Almeida, 1º Vigilante
Francisco Wohlers, 2º Vigilante Estelita
Ribas e
tesoureiro Godofredo Frederigue; esta deveria ser a primeira Diretoria
da Loja, eleita para biênio (1907-1908). Entretanto por motivos obscuros, a
Loja teve vida curta, pois segundo consta em 1911 ela se fundiu com a Loja de
Piracaia, a qual somente veio a fechar no final da década de 20, com o desgaste
econômico do café e a repressão política do período.
Somente nos anos 80, com o
sr. José de Mello Freire, um grande entusiasta maçom, que se filia a Loja
Universitária de Bragança Paulista e unido a outros mestres-maçons, residentes
em Joanópolis, inicia um trabalho de renascimento da Maçonaria em Joanópolis, sendo
iniciados em Bragança Lauro Ivan Gonçalves Bueno, Valter Cassalho, Claudio
Delvecchio, Gustavo Bermudez, Claudio Boscolo, Mario Silveira, entre outros; sendo
a loja reaberta em 30 de abril de 1989, ano do segundo centenário da Revolução
Francesa (14/07/1789) iniciando-se a partir desta data a nova vida da Loja
“Moral e Liberdade”.
Termina aqui uma parte do
infinito Mosaico da História da Maçonaria em Joanópolis, cujas laterais do
ladrilho apontam para todos os lados, indicando sua amplitude, bem como as
alternâncias entre as cores, mostra os pontos vagos ou obscuros que compõem
este relato.
Foto: Solenidade maçônica do
Curralinho, pelos idos de 1907, nas quais figuram os srs. Antonio Moscardini,
Teotonio Santana, João Santana, José Cândido da Silveira, Carlos Vítor,
Francisco Wohlers, ----- Palmiro, João Ferreira de Melo, João Villaça, Cap.
Antonio Mathias Franco, Olympio da Silva, Benedito Ribeiro da Silva, Pedro
Klaus, José Lopes de Moraes, Estelita Ribas, Lázaro Faria Teles, Evilasio
Caparica, Nabor Silva, Gregório de Souza Rego, Luiz Ottoni de Almeida, Braulio
Alvares.
E que mosaico heim?
ResponderExcluirExcelente artigo, em que parte da história da nossa querida Joanópolis, teve a participação de pessoas ilustres há 105 anos e que devem ter contribuido muito pelo social.
Parabéns pelo resgate da memória.
abraços
Ronaldo Faria
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