DIA INTERNACIONAL DA MULHER
HOMENAGEM
Professora Adilia Ferreira de Almeida Pereira
No dia da Anunciação do
Senhor, 25 de março do ano de 1891 no recém criado distrito de São João do
Curralinho, nascia Adília Ferreira de Almeida, filha do nosso historiador
Antonio Ferreira de Almeida e Otília Caparica de Almeida. No ano seguinte nascia seu irmão Antonio
Ferreira de Almeida Júnior (futuro Professor de Medicina Legal da USP). A menina Adília crescia
tranqüila numa terra amistosa onde sua
família (Caparica, Figueiredo e Almeida) politicamente lutava para emancipação
e crescimento do distrito. Em 1895
Curralinho torna-se município e seu pai no ano seguinte, em 21 de agosto toma
posse como Intendente Municipal, sendo uma das maiores autoridades municipais.
Sua mãe estava lá, com o terceiro filho no ventre, com ela e o irmão no colo
assistindo orgulhosa o juramento e oratória do ilustre Antonio Almeida. Foi um
belo mês de agosto que apesar de sua pouca idade, dele deve ter ouvido inúmeras
histórias, pois consistia no marco primordial da futura Joanópolis.
Infelizmente, dois meses depois, sua mãe, com apenas vinte e um anos, agonizava num difícil parto, dando a luz ao
menino Sebastião, mas horas depois nossa primeira dama veio a falecer, causando grande comoção no município e cidades
vizinhas. O menino Sebastião viria a falecer quase dois meses depois, no dia 21
de dezembro. Naquele ano o natal não foi um dia festivo.
O
tempo transcorreu rápido e logo aquela menina de olhar meigo e profundo, que
sempre estava na casa dos avós (Anselmo Caparica e dona Bruna Figueiredo)
cercada dos inúmeros tios, tornou-se uma menina esperta e dinâmica, sendo
educada na primeira escola mista do município, sob o comando de sua tia e
professora dona Bruna Caparica Filha.
Com certeza, o zelo, conhecimento e dedicação da professora Bruna
Caparica deve ter exercido grande influência sob seu caráter e determinação na
profissão que escolheria mais tarde.
Concluindo os estudos em sua terra natal, foi
para São Paulo, ficando hospedada no Colégio Santana, fazendo seus estudos na Escola Normal Secundária de São Paulo,
formando-se professora pela centenária Instituição Caetano de Campos, no dia 01
de dezembro de 1914, no mesmo ano em que era fundado o Grupo Escolar
Curralinhense em terras doadas pelo seu tio-avô o Cel. João Ernesto Figueiredo.
No
ano seguinte, volta para Joanópolis e orgulhosamente torna-se a primeira
joanopolense a assumir a primeira cadeira de referida escola.
Exímia e dedicada educadora, sempre fez questão de
lecionar para o primeiro ano, pois a sua paixão era alfabetizar, ensinar as
primeiras letras, alicerçar muito bem a nova jornada estudantil, sua dedicação
fazia com que as vagas para suas classes fossem
disputadas. Sua competência e organização era tanta, que na falta dos
diretores era ela quem comandava o grupo escolar, bem como as crianças que
tinham dificuldades em aprender passavam
diretamente para sua classe.
Ainda hoje, ex-alunos, como Dirceu José Nogueira, João Toledano Sanches
e outros, falam do carinho e da
dedicação de Dª Adília, a primeira professora.
Além
de grande educadora, era uma excelente pianista e convidada de honra do Clube
Curralinhense, realizava ainda em sua casa animados saraus, sempre com a
presença marcante das amigas Maria Zenaide, Wanda Ribas, Aurélia Alágio e Alda
Frederigue. Ficou ainda, por muitos anos com o honroso cargo de organista
principal da igreja matriz. Dado ainda a sua fineza e espirito comunicativo sua
casa passou a ser um ponto de referência para se hospedarem autoridades
que para cá se dirigiam.
Neste
período nossa professora enamorou-se pelo coletor de rendas João Pereira
(nascido em Espirito Santo do Pinhal em 13-5-1888), cujas belas e requintadas
núpcias realizaram-se no ano de 1917.
Patriota
e paulista convicta, ela e o marido apaixonaram-se pela causa de 32, chegando o
esposo a doar as alianças do casamento e
ela o colar de ouro de seu noivado e como poetiza que era, ao entregar a
corrente escreveu os seguintes versos: Vai
corrente querida, presente de noivado, vai defender a causa, do meu querido
Estado. Sendo que este verso chegou
a ser publicado pelo jornal de São Paulo
na época.
Sua
grandeza e dinamismo, levou-a a assumir a presidência da Santa Casa de
Misericórdia num momento em que esta instituição passava por grandes
dificuldades, ela juntamente com a diretoria formada por Maria de Sousa Ribas,
Alzira Telles, Maria Jimenes, Alice Valle Bueno, Joana Amorim e dr. Felicio
Nogueira, conseguiram estabilizar a
situação e trazer melhorias para a sociedade e os enfermos que lá estavam.
Em
1937, seu esposo foi transferido para São Paulo para exercer cargo na
Secretaria da Fazenda, sendo assim, Adilia pediu remoção para aquela cidade,
deixando sua querida terra natal, a qual lhe preparou inúmeras homenagens e festas de despedida.
Em
São Paulo, lecionou em diversas escolas até se aposentar em 1945. Por ocasião
de suas visitas a Joanópolis, aconteciam grandes reuniões e todos vinham dar um
abraço na professora Adília, recebeu muitas homenagens em vida, principalmente
em 1944 quando a Biblioteca Infantil e Pedagógica de sua Primeira Escola (Cel. João Ernesto Figueiredo) recebeu o seu
nome, a ocasião foi muito festejada com
a presença de diversas autoridades e ex-alunos. Na ocasião o Grupo Escolar foi
enfeitado com festões de flores naturais, celebrou-se uma missa de ação de
graças as 07:00h, havendo até mesmo um desfile cívico pela cidade em sua
homenagem, as 15:30h aconteceu a solenidade de inauguração, ocasião em que
declamaram lindas poesias e o coral cantou belos hinos, recebeu em seguida um
ramalhete de camélias brancas e uma jóia ofertada por seus ex-alunos. Em
1948 novas homenagens, desta vez por
ocasião do dia do Professor, quando então foi Presidente de Honra de ditas
comemorações, vinda especialmente de São Paulo para tal fim.
Dona
Adilia, faleceu em 26 de fevereiro de 1978, em São Paulo onde foi sepultada, deixou três filhos, Maria
do Rosário, Elisa e Paulo.
Fica
aqui nossa homenagem a esta mulher e grande educadora que todos lembram
carinhosamente, Dona Adília foi mais uma joanopolense que teve um papel
relevante em nossa sociedade e no dia Internacional da Mulher, nada mais justo
do que homenagear uma educadora deste nível e de tão nobre personalidade.
(Valter
Cassalho – 08-03-2000)
(...) A todo instante a
educadora se impunha à admiração e ao carinho de seus alunos. Teve sua vida a
significação de um livro em que cada página encerra uma lição, lição de bondade
e de amor. Era de vê-la, todos os dias, na grandeza de sua modéstia, a dar o
pão das primeiras letras às nossas crianças, paciente, cheia de abnegação,
destacava-se Dª Adília figura de relevo, tanto pelo coração quanto pela
inteligência. Lembra-la, nos dias de
hoje, para traçar-lhe o perfil, evocando-a nos seus exemplos e nas constantes
manifestações de seu trabalho, será recordar uma época em que a instrução tinha
seriedade e as escolas, em todos os seus graus, não se faziam senão fonte
permanente de cultura. Tudo mudou, não raro esquecido pelos industriais de
política, aí está, porém, o professor, lembrado, respeitosamente, pelos que
ainda crêem na subsistência da família e da sociedade.
(Comentários do saudoso vereador joanopolense
José Fernandes Amorim,
plenário da Câmara/janeiro de 1980).
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