A HISTÓRIA DE MARIA CUNHA - A MUITO CATÓLICA
Maria Celestina Domingues, conhecida também como Maria
Cunha, vem da família dos Grilo, nasceu em terras da antiga Santo Antonio da
Cachoeira (hoje Piracaia), por volta de 1865, era filha de João Domingues de
Souza e Ana Theodora da Silva, e moradora do extenso e conhecido bairro do
Curralinho, onde décadas mais tarde seria o município de São João do Curralinho
(hoje Joanópolis). Por estas terras cresceu
e viveu sua infância e juventude e casou-se em 24 de abril de 1883 na igreja de
Santo Antonio da Cachoeira, com ANTONIO JOSE DA CUNHA, este filho do primeiro
casamento de Pedro José da Cunha (filho de Gertrudes Maria de Jesus natural de
Nazaré Paulista) com Antonia Francisca
de Jesus (esta filha de José Ramos da Silva e Clara Maria de Jesus), na ocasião
de seu casamento consta Pedro José da Cunha (casado em 1850), como falecido.
MARIA CUNHA ficou viúva em 28 de dezembro de 1906,
falecendo Antonio José da Cunha com apenas
45 anos de idade, deixando vários filhos, ainda adolescentes.
Alguns familiares referem-se a ela como MARIA CUNHA –
a muito católica. Consta que tinha uma
casa de assistir na praça ao lado direito da igreja matriz de Joanópolis (hoje
casa nº 186), onde vinha todo final de semana assistir a missa ou participar dos
dias de festas da igreja.
Segundo descrição de suas netas era uma mulher um
tanto gorda, baixa e conhecida por sua religiosidade e generosidade, um dos
seus filhos a trazia de charrete todo sábado para a cidade, onde pernoitava e
assistia o oficio na missa no domingo pela manhã e a tarde retornava para seu
sítio. Este sítio era logo no início do
bairro dos Alves, nos Bugres próximo ao Cancan, também chamado de bairro dos
Gatos, numa área com cerca de sessenta alqueires, por onde cresceram filhos e
netos. Como boa matriarca sempre fez questão que seus filhos após casados
continuassem morando em sua casa ou construísse casa em seu terreno,
mantendo-os sempre por perto.
Contam que durante a Quaresma fazia com que todos os
filhos, genros, noras e netos cumprissem à risca as penitências e rezas desse
período, além disso, todos faziam parte de Irmandades da Igreja. No período da
Quaresma comprava caixas de bacalhau para consumo durante a abstinência de
carne. Costumava pendurar peças e peças de bacalhau num grande quarto da casa e
ir comendo nos quarenta dias que antecedia a Páscoa distribuindo a filhos e
netos durante a semana santa.
Teve os seguintes filhos: SEBASTIÃO (nascido em 1891 e
casado com Maria Francisca de Oliveira da família Villar Garcia), JOÃO ANTONIO
(casado com Ernestina e pai de Antenor Cunha), JOSE (casado com Rosa), ANTONIO
(casado com Joana e depois com Gertrudes), CARMEN (casada com José Magro e pais
de Maria Lau casada com João Lau – família Siqueira), BERTHA MARIA DA CONCEIÇÃO
(casada com Antonio Villar Garcia), RITA (casada com Guilherme da Silva Mello
irmão do Ceciliano vulgo Alhano), MIGUEL DOMINGUES DA CUNHA casado com Benedita
Maria de Jesus (pais do Antonio Domingues da Cunha (Nicão 1920) e de Rosa
Cunha). Todos cresceram e moravam junto
a Maria Cunha e por ela guardavam grande respeito e muitas lembranças que
chegaram até nós seus descendentes.
UM COLAR DE OURO – Era costume MARIA CUNHA sempre usar
um colar de ouro, pois os antigos portavam ouro, em colares, dentes, anéis e
brincos. Seu colar de ouro tinha dupla função, não apenas enfeitava a matriarca
como também, era usado para cortar as brotoejas, uma doença bem comum em bebês
na época. Como simpatia, na hora do banho colocava-se o colar de ouro na água
onde ia se banhar as crianças curando e evitando vários males. Costume esse que
ela utilizou em seus filhos, e em seus netos, tanto que cada vez que nascia um
deles, ela enviava o colar de ouro a mãe da criança e esta ficava com ele por
um bom tempo, devolvendo tempos depois. Assim o colar de ouro de Maria Cunha
andou de casa em casa de seus filhos e
no pescoço e banho de muitos de seus queridos netos, até perder-se no monte mor
da herança após a sua morte.
O TRISTE DIA DA FESTA DE SANTA CRUZ – No ano de 1933
foi um triste ano para a família Cunha. No dia primeiro de maio reuniu-se a
família junto a dois monjolos, o velho que possuía a antiga casa de monjolo e o
novo que ainda estava com casa de monjolo por fazer. Vários familiares reunidos
para fazer farinha e paçoca para uma Festa de Santa Cruz que aconteceria no dia
03 de maio, da qual Maria Cunha era devotíssima. Todos em seus afazeres e as crianças
brincando, até que infelizmente por volta das quatorze horas a filha da Bertha Maria
da Conceição de nome Maria com seis anos aproximou-se demais do monjolo novo
sem casa e este ao descer o malho bateu em sua cabeça e essa caiu dentro do
pilão do monjolo. O impacto a matou imediatamente e o monjolo por sorte caiu
para traz e travou, não voltando a cair sobre o pilão, evitando assim uma cena
muito pior do que aquela que estava acontecendo. Logo em seguida sua mãe a vê
caída e quando chegou perto percebeu a tragédia ocorrida. Foi um desespero
total na família, acabou por reunir
muita gente e requereu a presença de inspetor de quarteirão e muitos vizinhos. A tragédia acabou com a festa e o dia de Santa
Cruz (03 de maio) sempre trouxe a triste lembrança do acontecido daquele dia.
MARIA CUNHA
veio a falecer meses depois no dia 26 de setembro de 1933, em Joanópolis
onde foi sepultada, em seu velório compareceram muitos familiares e amigos,
passando o cortejo pela matriz onde foi recebido pelas irmandades e recebeu os
últimos sacramentos antes de adentrar à vida eterna.
Sua presença na família apesar de tão distante data
foi marcante, sendo lembrada e suas histórias contadas e recontadas sempre por
nossos bisavós e avós, em especial no período da Quaresma ou no dia de Santa
Cruz. Maria Cunha partiu há mais de oitenta
anos mas suas histórias, carinho e devoção à fé católica até hoje são
comentadas. A ela nossas homenagens e
agradecimentos.
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