Homenagem a BRAZ JÓIA - AS ROSAS E O JARDINEIRO
Ora pois, que
as rosas não falam! Talvez não falem mas sintam e expressem com suas cores e
aroma o sentido de sua existência.
-Mas onde está
o jardineiro? Perguntou o cravo com ar
prepotente.
-Não veio
hoje. Respondeu um lírio todo branco e delicado.
-Onde estão as
rosas? Indagou o jasmim com ar de espanto.
-Teriam sido
roubadas à noite? Levadas por algum aventureiro? Cortadas por um apaixonado?
Meu Deus! Onde estão as rosas?
Desesperaram-se as hortências.
-Jardineiro,
jardineiro – onde está você? Gritaram ao vento em uníssono todas as flores.
Silêncio...
Ninguém respondeu, a praça estava vazia.
Caiu então a
noite e desceram corujas ao jardim e ambas
numa conversa triste lamentavam a morte do jardineiro, que cuidava tão
bem das flores, as quais felizes davam seu néctar, atraindo beija-flores,
abelhas e borboletas, colorindo a praça da matriz em multicores, espalhando
doce aroma por todas as horas. Lastimavam as corujas e diziam como foram
orgulhosas as rosas que acompanharam o esquife do jardineiro, deixaram-se
cortar com honra e coragem e num último sacrifício e sopro de vida ornaram de
cores, mimos e perfumes a despedida de seu guardião.
Entenderam as
flores os sumiços das rosas e do jardineiro, amanheceram tristes, sem perfumes,
desbotadas, pálidas e murchas. Luto das flores, pelas rosas e pelo jardineiro. Mas,
as sempre-vivas em consolo lembraram que morta a flor na terra brotam felizes
nos céus e em troca novos brotos e flores renascem na terra numa eterna
primavera de mundos.
Consolada as flores, compreenderam que as rosas se
foram e outras já estavam brotando, reflorescendo o jardim. No entanto, o
jardineiro se foi e outro não veio, nem virá, pois estará ocupado nos Campos do
Senhor.
BRAZ JÓIA (10-09-1911 a 02-03-2004)
Muitas pessoas
marcam a história pelos seus feitos políticos, econômicos, científicos e
sociais. Mas existem aqueles que marcam com seu carisma, sua vivência e até
pelo seu capricho. Assim foi o amigo Braz Jóia, que marcou a história de
Joanópolis pelo capricho com que cuidava das roseiras e de toda a praça de
Joanópolis na década de 70. Não há quem não se lembre do jardim daquela época,
em que todos se encontravam aos domingos, após a missa, na praça, com o curioso
costume dos homens caminharem no sentido horário e as mulheres no sentido
anti-horário ou vice-versa, facilitando assim encontros e paqueras. As roseiras
viviam felizes ao sol, podadas em épocas e formas corretas, cuidadas com
carinho e ciúme de seu guardião. Roubar uma delas era encrenca com o Braz Jóia
e seu maior orgulho era ouvir os elogios sobre a rainha das flores e o perfume
que elas exalavam por toda praça.
Braz Jóia
morreu em março de 2004 - aos 93 anos de idade, considerado o cidadão mais antigo
de nosso município, estimado por todos os moradores e um exemplo de boa memória
e bom viver.
Exemplo de pessoa!
ResponderExcluir