sexta-feira, 10 de maio de 2013



A GRIPE EM NOSSA REGIÃO

A mídia tem noticiado a todo instante a questão da Gripe H1N1 e tem causado certo alarde em nossa região.  No entanto, não apenas o Brasil mas o mundo já passou por coisa semelhante e muito pior, que  nossos  avós e bisavós relatam com o nome de GRIPE ESPANHOLA; que recebeu este nome devido ao grande número de mortos na Espanha e por esta não estar ativamente na PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918) pode noticiar e dar maior atenção aos acontecimentos civis.
O primeiro surto de 1918 apareceu em fevereiro de forma muito contagiosa porém não fatal, com febres e mal estar, no segundo surto em agosto ela  foi muito mais forte causando inúmeras mortes numa época onde os antibióticos eram desconhecidos. A tal gripe, também chamada de pneumônica foi causada por uma virulência do vírus Influenza A do subtipo H1N1. A doença foi observada pela primeira vez nos Estados Unidos, em pouquíssimo tempo, principalmente pelo fato da grande guerra e movimento de tropas em portos espalhou-se por toda a Europa e logo em seguida atingiu a Índia, Ásia e a  América do Sul, fazendo ao todo segundo estimativas mais de 50 milhões de vítimas.
Nas trincheiras tropas inteiras adoeciam com sintomas de dores de cabeça, febre e  falta de ar, em poucos dias, morriam de insuficiência respiratória com os pulmões cheios de líquido. Só para se ter uma idéia morreram mais soldados norte-americanos pela gripe do que pelos combates.
No Brasil ela chega em setembro de 1918 possivelmente através da Missão Médica enviada para ajudar os doentes no porto de Dacar-Senegal (colônia francesa) ou através do navio Demerara, vindo da Europa, em poucos dias haviam sintomas da gripe no Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A gripe vitimou nosso presidente eleito para um segundo mandato RODRIGUES ALVES impedindo-o de tomar posse e ainda  a grande educadora ANÁLIA FRANCO.
Com a gripe espalhando-se nas grandes cidades e com total desconhecimento de como impedir o contágio e curar os doentes pedia-se que evitassem aglomerações, assim muitos refugiaram-se no interior e com eles a doença chegava as pequenas cidades e na zona rural.
Para curá-la tentaram em vão pitadas de fumo, queima de ervas e incenso para desinfetar o ar, uso de quinino para febres, alhos, compressas, chás, e toda sorte da medicina popular.

Joanópolis e Piracaia foram atingidas tendo suas vítimas e ao mesmo tempo a união de muitos em socorro dos chamados GRIPENTOS. Em Piracaia o Coronel Tomaz Cunha conseguiu a construção de um Grupo Escolar em 1914, dado aos inúmeros casos da gripe em 1918 e 1919 todas as aulas foram suspensas e o grupo transformou-se em hospital para atender as vítimas da epidemia, através da ajuda da população foram adquiridos numerosos leitos, organizou-se uma farmácia, contratou-se enfermeiros e os casos mais graves eram transferidos para a capital. Joanópolis também deve seus inúmeros casos, improvisando leitos, isolamentos e muitos sendo tratados nas próprias casas ou fazendas, transferindo para cidades vizinhas  numa ocasião  precária de transportes. Muitos morreram nesta época.
A gripe espanhola marcou a história mundial fez suas vítimas e destacou pessoas solidárias que não tiveram medo da doença e foram dedicados no auxilio ao próximo e na mobilização de recursos públicos  e particulares mais para socorrer os doentes e enterrar os mortos do que para controlar este desconhecido vírus.
Decorrido mais de noventa anos nos debatemos novamente com um novo vírus, porém os tempos são outros e esperamos que o conhecimento do passado evite os erros cometidos naquela época, onde chegou-se mesmo a pensar que o mar seria uma barreira contra o vírus.

Prof. Valter Cassalho