terça-feira, 24 de julho de 2012



OS MAMUTES DA SIBÉRIA

Há alguns anos ouvi uma história sobre a descoberta de dois mamutes, os quais foram encontrados congelados na Sibéria. Ora, nada de um grande achado, se não fossem os únicos fósseis num raio de quilômetros e um outro detalhe intrigou ainda mais os cientistas, ou seja, ambos tinham na boca alguns punhados de capim.
Sabe-se que o período glacial, quando nosso planeta quase congelou por completo, foi acontecendo gradativamente e os animais foram aos poucos percebendo as mudanças do tempo e foram adaptando-se às novas condições, permitindo assim que sobrevivessem à mudança climática, chegando  até os dias atuais.
O Universo vive em constante mutação,  porém, com períodos mais demorados e outros mais rápidos. Nesse novo milênio, com o advento de tantas técnicas e invenções as mudanças ocorrerem  de forma muito rápida, criando a necessidade de  adaptação ao novo mundo. A época é de intensa rapidez nos meios sociais e de comunicação, fazendo com que as formas de pensar e agir também mude.  Não são os “finais dos tempos”, mas sim “tempos novos”.
Nós das pequenas cidades interioranas não podemos ficar apáticos as mudanças, temos que pensar que estamos no terceiro milênio, apesar de sermos “homens do século passado” temos por obrigação, assim como a evolução das espécies, em deixar  mutações apropriadas para as futuras gerações. Temos que modernizar, mudar para melhor, inovar, pensar e planejar para o futuro, a palavra de ordem hoje é renovação. O passado é bom  mas pertence ao passado, nós pertencemos ao presente e nossos  descendentes ao futuro. E este futuro é feito agora, através das nossas ações presentes. Se ficarmos na mesmice de sempre, conformados com uma comodidade política e social que favorece apenas um grupo, uma elite ou família, estaremos simplesmente deixando o tempo passar, não permitindo que o progresso se realize por nossas mãos para favorecer o todo social.  Não acredito em milagres, mas se eles existem é porque damos chances para eles aconteçam.  O mundo está em movimento e nossas atitudes atuais formam a realidade do amanhã. Pense nisso antes de omitir-se ante as obrigações sociais e políticas.
Ah! Já ia me esquecendo! Quanto aos mamutes da Sibéria, esses seres gigantescos, fortes, imbatíveis, que dominaram seu período com brilhantismo e beleza! Não notaram as mudanças, não perceberam os movimentos da Terra, não se modernizaram, não viram que ao seu redor tudo evoluía, não sentiram as mudanças e os dois morreram e infelizmente, segundo as conclusões dos cientistas, morreram pastando.

Valter Cassalho

quinta-feira, 12 de julho de 2012


MAÇONARIA

"A SABEDORIA, O DESAPARECIMENTO DE VÍCIOS, A VIRTUDE E PROBIDADE, SÃO OS VERDADEIROS PRÊMIOS DAQUELE QUE LEVANTOU O VÉU DO SIMBOLISMO MAÇÔNICO".
(George Grunupp - Conheça a Maçonaria do Brasil-1984)


Muitos ainda perguntam o que vem ser  a Maçonaria e outros tantos fantasiam coisas absurdas a seu respeito. Instituição das mais antigas atravessa séculos de existência, deixando na História do mundo seus importantes feitos na conquista da Humanidade.
A Maçonaria de  acordo com  sua própria Constituição é: "Uma instituição essencialmente FILANTRÓPICA, FILOSÓFICA, EDUCATIVA, PROGRESSISTA e EVOLUCIONISTA. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade..." George Grunupp, a define como: "Uma associação de homens que se esforçam para serem sábios e virtuosos, que se esforçam como irmãos, viver em perfeita igualdade, intimamente ligados por laços de estima recíproca, confiança e amizade, estimulando-se uns aos outros na prática das virtudes".
Ainda de acordo com sua constituição tem por princípios: "A Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Condenando a exploração do homem, bem como os privilégios e as regalias, mas enaltecendo o mérito da inteligência e da virtude como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade. Para a maçonaria o  sectarismo  político, religioso ou racial é incompatível com a universalidade do espírito maçônico. Combate a ignorância, a superstição e a tirania. Proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o principio cardeal nas relações humanas para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um".
Os maçons constituem-se em homens comuns que integram a sociedade, procurando a todo o instante servir a Pátria, honrar a família e trabalhar em prol de sua comunidade. Não sendo seita e nem religião abriga em seu seio pessoas de todas as religiões e crenças de todo o mundo, respeitando-os e fazendo com que seus membros vivam em perfeita harmonia uns com os outros. Nas reuniões maçônicas, não é questionado ou ridicularizada crença de qualquer um de seus componentes. No entanto acreditam em um Ente Supremo, que tudo criou e ordenou o Universo, afirmando que todos os seres foram criados por uma Inteligência Superior, porém não se importam com o nome que lhe seja dado. Cada membro o tem  e denomina-o dentro de seus conceitos religiosos e para não entrar em conflito religioso, o denominam de "GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO".
Muitos criticam esta sociedade pelo fato de ser exclusivamente masculina, porém isso  se dá pelo fato da Maçonaria ter nascido no meio de construtores de catedrais na Idade Média (os pedreiros livres) e de outras atividades desempenhadas na época, exclusivamente por homens; desta forma, mantiveram essa tradição, havendo entretanto,  na história maçônica diversas mulheres que dela fizeram parte. 
Devido a perseguições sofridas pelos seus ideais, como tantas outras instituições o foram, tornou-se secreta, hoje podemos dizer que a mesma é discreta, ou melhor, é privativa de seus membros, tendo no simbolismo o grande comunicador universal de seus objetivos, preceitos e reconhecimento.
Tenho a afirmar sobre a maçonaria que quão bom e quão suave é viverem os irmãos em união. 

Professor Valter Cassalho

quarta-feira, 11 de julho de 2012


FALECEU NOSSA PRIMEIRA PRIMEIRA DAMA

O que segue é a noticia da morte da esposa do  nosso primeiro INTENDENTE MUNICIPAL, o que equivale a “prefeito”  - administrador,  na época que as Câmaras eram praticamente no sistema parlamentar.  Uma história triste que abalou o recente município de São João do Curralinho (desmembrado de Piracaia em 17/8/1895 e a primeira câmara e intendência empossados em 21/8/1896). O discurso é triste porém lindo e mantive o português da época. Era mãe da saudosa professora Adilia e do grande educador brasileiro Almeida Junior. Irmã de Bruna Caparica Filha.

Matéria p/o Munícipe – manuscrito de 08-11-1896
D. Otilia Caparica de Almeida

No dia 28 do pretérito finou-se nesta vila, as 08 1/2 horas da noite, esta virtuosa  filha do respeitável ancião sr. Anselmo Gonçalves Caparica, e esposa do prestante cidadão Antonio Ferreira de  Almeida, digno intendente municipal e proprietário das oficinas tipográficas em que se publica esta folha.
A jovem e distinta senhora, que apenas contava 21 anos, sucumbiu a uma síncope cardíaca conseqüente a um parto laborioso, orfando a três inocentes crianças, uma das quaes com algumas horas de vida, e enlutando o lar querido, os corações de seus extremosos paes e a toda esta população que a estimava justamente.
Logo que se divulgou a infausta noticia muitas pessoas, dolorosamente surpreendidas pelo inesperado acontecimento e revelando a profunda mágoa de que todos estavam possuídos acorreram à casa, onde ele se dera, testemunhando assim a verdadeira, a respeitosa estima em que era por todos acatada – Dª Otilia.
Realmente, foi sentidíssima sua morte, já porque ninguém a poderá esperar, já por ser a ilustre extinta filha e esposa de cidadãos muito considerados entre nós.
Ao seu saimento que teve logar no dia 29 as 4 horas da tarde, concorreram quasi toda a população desta vila e muitos cavalheiros do nosso município. Foi um dos enterros mais concorridos que se tem dado entre nós.
Dentre o séquito muitas pessoas vestiam opas e quasi todas pegaram nas alças do caixão, que eram disputadas vivamente pelos amigos e parentes. O rev. vigário de Santo Antonio fez as cerimonias religiosas na igreja e no cemitério. Ali, ao serem encerrados em seu último jazigo os restos mortaes da desditosa senhora, foi lida pelo professor público desta localidade o discurso que abaixo transcrevemos e que foi ouvido com o maior silêncio pelos circunstantes.
Sabemos que, em sinal de grande pesar pelo falecimento de Dª Otilia, suspendeu-se a aula pública no dia 29, e que em sessão do dia 31 e por indicação do sr. vereador Domingos Nogueira, a Câmara Municipal, resolveu mandar inserir em uma ata um voto de profundo  pesar por tão triste passamento e enviar um oficio de suas condolências a seu colega sr. Antonio Ferreira de Almeida, tão rijamente ferido por esse golpe.
Também sabemos que no dia 09, as 08 horas será rezada aqui uma missa pelo descanso eterno de Dª Otilia.
Eis o discurso a que acima nos referimos:


Senhores! Fatalidade atroz que a mente esmaga. Tristíssima contingência  esta que eterna, incessantemente nos fere e nos enluta. Suprema, inexorável lei, a que não há fuga, mais fria do que a lamina dum punhal, mais fera do que uma hyena faminta, mais destruidora do que a erupção dos vulcões. Morte, serás a vida? Porque te coube na partilha dos destinos a missão terrível, abominável de estrangular as existências? Quem te confiou, oh anjo negro da destruição, o  poder  nefasto e cruel de gelar nos corações a seiva da vida, de selar com teu stygma de imobilidade um turbilhão de vida estuante.
Parca do aniquilamento, cujas azas fatídicas e negras pousam nesta hora sobre o esquife recém fechado, como a repugnante larva sobre uma flor, não te condóes de ceifares com teu alvião sedento uma vida feliz, apenas no seu arrebol!
Não te comovem no teu contínuo mister de devastação o luto que espalhas, a dor que aprofundas, a orfandade que semeias, em derredor de tuas vítimas inermes?
Senhores – Eis aqui na muda expressão deste ataúde, que contemplamos no recolhimento do silencio, a incógnita do problema irredutível: a vida e a morte! To be or no to be, eis o dilema, indecifrável ante o qual a sciencia humana, com toda a sua vaidade, capitula impotente. Eis aqui a história interminável da humanidade de ontem, de hoje e de amanhã.
A vida é uma ponte suspensa no espaço, entre dous  pontos extremos: o berço e o túmulo; um berço da vida, outro berço da morte.  Ainda mesmo que não no-lo afiz

Mas senhores, não pode se limitar a isto apenas, a este ser e não ser – a vida toda. Há,  mercê  do Onisciente  Creador deste Universo alguma cousa intangível, imorredoura e superior que escapa a essa lei suprema da morte. Mas se a ti, único reduto inexpugnável que possuímos em meio ao vendaval dos sofrimentos, bastaria a razão, calma e indagadora para nos dizer a consciência. Sim, a vida não termina, ali naquele jazigo, estreito demais para contel-a, extende-se além pelo infinito, muito além, nos páramos ilimitados do éter!
A alma, imperecível,  imigra para verdadeira pátria, é andorinha forasteira que, passado o inverno extenue o vôo em busca das plagas saudosas do seu país. É o país das almas boas, formadas de virtudes e de bençans, como a que anunciou aqueles despojos respeitados, é a pátria do amor puríssimo, da perene hyperbole de luz é a límpida mansão dos justos, em que ela, dona Otilia, ora sorri no inefável gozo da suprema ventura!
Foi um anjo, senhores,  anjo do lar querido, que ela encheu de encantos e de amor, estrema de carinhos, cheia de acrisoladas virtudes que, soltando as azas, partiu em demanda das plagas cérulas, deixando, lá muito ao longe, bem distante, saudosíssimos e acabrunhados de dores, o esposo amado e fiel, os pais extremosíssimos e queridos, filhinhos inocentes e adorados – aves ainda implumes, que careciam do seu calor; e irmãos estremecidos, irmãos pelo sangue e pelo coração, que, todos prantearam desolados este prematuro acontecimento que lhes arrebatou de improviso, com aquelas 21 primaveras de vida, a esposa, a filha, a mãe, a irmã.
Permitis, que eu repita como Castro Alves: Fatalidade atroz que a (...)
E nós senhores, que aqui viemos prestar à virtuosa senhora as nossas últimas e tristes homenagens, ante a majestade do túmulo que se vae fechar sobre seu cadáver, dizemos:
Silencio que ela está dormindo no seio da Divindade, embalada pelos cânticos celestes, iluminada pelos reflexos puríssimos de suas próprias virtudes!

(foto de dona Otilia Caparica) (foto2 - Adilia F. Almeida e seu irmão Almeida Junior)

quarta-feira, 4 de julho de 2012


80 ANOS DA REVOLUÇÃO DE 32


Oitenta anos da revolução de 32 neste 09 de julho! Data magna do Estado de São Paulo, uma data que orgulha a todos os paulistas. O desenrolar da revolução de 1932, desde o dia 23 de maio  com a morte dos quatro estudantes (Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo) até o seu término no inicio de outubro, deixaria profundas marcas no povo paulista, principalmente para os habitantes do Vale do Paraíba. Com o estouro da revolução em 09 de julho ficou claro que este Estado guerreiro de origem Bandeirante não iria retroceder em seus ideais.  Mesmo  sem o prometido apoio de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, São Paulo resolveu continuar a guerra, contando com a tropa rebelada de general Bertoldo Klinger do Mato Grosso. Somando estas tropas com a  Força Pública Paulista e diversos voluntários, nossas forças não ultrapassavam a 35.000 homens contra a poderosa marinha, aviação, homens do Governo Central  e mais a Brigada Gaúcha e outros contingentes que ultrapassam a 100.000 soldados. Todavia, o conflito apesar  deste desequilíbrio durou  cerca de três meses. Em setembro os mineiros já tinham ocupado as cidades de Jundiaí e Itú, avançando em direção a Capital Paulista. As forças fronteiriças foram capitulando  até que em primeiro de outubro representantes da Força Pública reuniram-se na cidade de Cruzeiro (Vale do Paraíba), com o general Góes Monteiro representante das Forças Federais, rendendo-se  e pondo fim ao conflito.
Mas, se São Paulo perdeu a guerra, por que os paulistas se vangloriam tanto deste acontecimento? Além do heroísmo, patriotismo, civismo, luta pelo direito de representatividade, o Governo Federal de Vargas percebeu a impossibilidade de se ignorar a elite política de São Paulo; os paulistas estabeleceram um novo compromisso com a União e no ano seguinte  conseguiram a nomeação do tão almejado interventor civil e paulista, nada menos do que Armando Sales de Oliveira, cunhado de Júlio Mesquita Filho, diretor do jornal  O Estado de São Paulo. Neste mesmo ano baixou-se o decreto reduzindo os débitos dos agricultores atingidos pela crise, bem como a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Perderam a guerra mas conseguiram seus objetivos, depois de 32  as bases do Governo Federal ficaram abaladas e novas consciências políticas foram dramatizadas no contexto político brasileiro.
Nossa região, em especial Joanópolis e outras cidades fronteiriças tiveram sua parcela de contribuição, fornecendo alimentos, abrigo, doando jóias e ouro. As forças Constitucionalistas tiveram o apoio das linhas de trem da região,  voluntários tornaram-se soldados, bloquearam estradas de acesso e  as divisas com Minas Gerais.
Ainda muitos de nossos cidadãos contam orgulhosos do período da revolução de 32, quer seja pela participação nas trincheiras, quer seja pela tensão criada em referido período. O rádio era uma raridade, os jornais da capital demoravam para chegar, mas mesmo assim os joanopolenses acompanharam ansiosos o desenrolar dos acontecimentos.
Logo no dia 12 de julho chegaram os primeiros soldados em nossa cidade, pertencentes ao Batalhão  sediado em Bragança Paulista, sob comando do Coronel Morino.  De inicio  instalaram-se na antiga casa dos Figueiredos (na Praça Pe. Domingos Segurado - hoje casa do dr. Airton Pinheiro) e formaram um posto de comando na casa do sr. Vicente Zappa ao lado do Cine Teatro Recreio (hoje farmácia do dr.  Djahy Tucci) que foi usado como armazém para os suprimentos da tropa, ocuparam  também o Posto Telefônico o qual era chefiado por dona Marcolina Cuoco Pereira.
Imaginem a novidade, os comentários e apreensão que se instalou. O medo de uma invasão por parte de Minas Gerais aliou-se com a preocupação das conseqüências do conflito armado. Os inspetores de quarteirão  começaram a convocar pessoas para abrir trincheiras nas divisas com Minas, em especial nos bairros dos Carvalhos, Forjos,  Posses, Azevedo e Abel. Na cidade o delegado de policia Theotônio Sant´Anna e o prefeito Estelita Ribas,  trabalharam para manter a ordem, recrutando cidadãos e fornecendo todo tipo de ajuda aos soldados.  A população se uniu num clima de hospitalidade, amenizando o desconforto dos soldados nas trincheiras, principalmente pelo intenso frio de julho,  começaram a mandar comida, roupas e cobertores; diversas mulheres, lideraram grupos  para confeccionarem boinas, uniformes, agasalhos. O clima de tensão passou a ser substituído  por um clima mais tranqüilo, chegando mesmo a realizarem festividades e recreação no sentido de espantar o pessimismo. Diversos fazendeiros doaram armas, munições e animais, bem como formaram com os colonos verdadeiras frentes de defesa de suas terras.
No dia 07 de agosto, o sr. Esmeraldino Pereira chegou das trincheiras, informando que onze oficiais e um civil, fugitivos de São Paulo, foram capturados quando tentavam escapar para o Estado de Minas Gerais, após chegarem a cidade e conduzidos para a cadeia, foram transferidos para a capital do Estado. Um outro fato abalou a cidade, um dos oficiais, nas trincheiras no Pau-do-Corvo, na fazenda do sr. Olivio Badari,  errou a contagem de uma granada alemã, e esta estourou em suas mãos, vindo o mesmo a falecer nos braços do sr.  Hirami Politi, o qual serviu como motorista dos Capitães Moraes e Picher no patrulhamento das trincheiras.
No caso de invasão do município, ficou decidido que após um sinal de morteiro, a população deveria refugiar-se no bairro dos Pintos, onde existiam grandes fazendas  próximas uma das outras e de ampla visão das estradas e da cidade. Todavia, no dia 20 de agosto um estouro  assustou a população, até mesmo um velório (Valeriano Tacito) foi abandonado, porém, o alarme foi falso, o estouro ouvido foi dado por um vigia que confundiu-se com uma movimentação de pessoas  no bairro das Posses, sendo na verdade um casamento e não tropas inimigas.
 Tanto Joanópolis quanto Extrema não poderiam se defrontar, pelo fato de terem muitas famílias  unidas pelo casamento, criando uma parentela  mineira e paulista, fato esse que deixava ambos os municípios em uma agonizante situação. Graças a Deus o conflito em nossa cidade não chegou a acontecer. Tivemos uma participação cívica e honrosa, muitos participaram diretamente, tais como o sr. Manoel Lopes de Carvalho, cabo do Esquadrão do 3º Batalhão da Força Pública de Itapetininga, sendo ferido no combate de Itararé; Geraldo Fernandes Oficial da Força Pública, rádio-telegrafista no Palácio do Governo; o saudoso Aristides Bragion, espião do Batalhão 09 de Julho, cargo esse que lhe rendeu dois meses de prisão após a revolução. Cito ainda, José Amorim, Ademar Ramos, Luiz Valle, Manuel Cambuí, Benedito Moscardini, Mario Melo, Dr. Felicio Nogueira, João Toledano Sanches, Irineu de Souza Bueno,  entre inúmeros que trabalharam e colaboraram com São Paulo, que dada a extensão dos nomes deixo de citar. Mas, a todos  estes Revolucionários Paulistas, que sonharam e lutaram pela garantia da cidadania e o exercício livre de nossos direitos, o nosso muito obrigado.