quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017


A família VILLAR GARCIA EM JOANÓPOLIS.

JOSE VILLAR GARCIA – o Pedro Espanhol.


A família VILLAR GARCIA é bastante numerosa em Joanópolis, alguns apesar de não assinar este sobrenome devido aos casamentos e acréscimos de sobrenomes de maridos, são descendentes de um ancestral comum, que em fins do século XIX decidiu morar nas terras de São João do Curralinho.
Nascido em 20 de fevereiro de 1874, na vila de Linares, Província e Bispado de Jaén (Espanha), foi batizado como José Eleutério, filho de Juan Villar e de Ana Garcia, sendo seus avós paternos Antonio Villar e Ana Garcia, e maternos Manuel Garcia e Catalina Bravo, todos naturais da vila de Linares,  sendo madrinha do batismo Josefa Bravo.  Cresceu pelas terras espanholas, consta que chegou a ingressar no exército, porém arrebatado pela paixão da espanhola  MARIA DOLORES e dado as dificuldades econômicas vividas na região, aliada as promessas de um mundo novo e promissor nas Américas, contrariando a vontade de ambas as famílias, resolveu vir para o Brasil. Com dezenove anos aventurou-se pelo Atlântico  e veio juntamente com Maria Dolores ser mais um colono nas fazendas de café da região. Infelizmente o destino lhe deu um duro golpe, na lavoura uma cascavel picou Maria Dolores e esta veio a falecer dias depois em seus braços.
Desolado pelos acontecimentos e não se adaptando a vida dura das lavouras e de seus capatazes acostumados a lidarem com escravos, decidiu residir na então de Vila de São João do Curralinho e começou a comprar pães nas padarias e revender pelos sítios; o sucesso da venda de pães o fez um mascateiro, vendendo outros produtos, tais como tecidos, linhas, carnes e ferramentas; enfim começou a ganhar dinheiro com seu comércio. Em 20 de agosto de 1899 casou-se na igreja com Ana Francisca de Oliveira (nascida em Curralinho em 1873) filha do português Manoel da Silva Mello e de dona Catharina Francisca de Oliveira, tendo com esta três filhos: Antonio, Maria Francisca (a qual se casaria com Sebastião de Souza Cunha) e Ana, porém infelizmente em 21/3/1905 a mesma veio a falecer de febre oriunda de parto, aos 32 anos de idade. Como costume da época, logo em seguida em 18/07/1905, ele casou-se com a irmã de Ana, para que esta cuidasse dos três pequenos órfãos. Amélia Francisca de Oliveira tinha 24 anos de idade e ele 31 anos, com ela teria uma vida feliz e com muitos filhos. Dona AMELIA da família Silva Mello era descrita como uma pessoa muito alegre, boa, dinâmica, estimada por todos, era irmã de EUGENIO DA SILVA MELLO (avô do Zé Alhano) e VALÉRIO DA SILVA MELLO.  Nesta ocasião bem sucedido financeiramente comprou muitos alqueires de terras pelos bairros do Cancan e Vargem Escura e começou a plantar café, construiu um boa casa no bairro e abriu além de sua venda de secos e molhados uma  loja de fazendas (tecidos). Foi também administrador do cemitério municipal por alguns anos. No entanto, todos o conheciam como PEDRO ESPANHOL, nome que preferiu usar aqui nas terras brasileiras e seus filhos sempre receberam a alcunha de espanhol, ou seja CHICO ESPANHOL, DOMINGOS ESPANHOL, IDALINA ESPANHOLA,  etc.
Com a dura crise de 1929 a economia da família sofreu duras perdas, com vários filhos já casados, resolveu vender suas terras que tiveram grande desvalorização pela crise do café e mudou-se para o bairro de Lavras em São Francisco Xavier, tentando a duras penas manter um armazém e uma pequena loja de fazendas.  Lá passou a morar num grande casarão existente até hoje.
Dona AMÉLIA veio a falecer  em 26 de novembro de 1934, deixando oito filhos, sendo quatro maiores e quatro menores e mais os filhos de sua falecida irmã. Consta que em 1933 dona Amélia não vinha se sentindo bem, devido a um  acidente que sofreu quando ao mexer num dos grandes armários da casa este acabou caindo em cima dela, e desde então começou a emagrecer e ter algumas dores e os médicos da época não conseguiram curá-la. Foi uma tristeza geral na família.
José Villar Garcia novamente viúvo, resolveu se casar com  Benedita Maria de Jesus (da família Cunha), que também era viúva e tinha muitos filhos, porém essa união  não vingou e em 11/11/1935 casou-se mais uma vez, agora com Maria Augusta de Siqueira Garcia,  com quem teve mais três herdeiros. Seus filhos geneticamente dividiram-se em homens altos, peludos, grandes, olhos claros alguns e negros outros, ao estilo mouro de Andaluzia,  suas filhas algumas loiras e bem brancas, olhos azuis e verdes, possivelmente herança da família de Manuel da Silva Mello ou de sua esposa Catharina Francisca.
O PEDRO ESPANHOL, apesar dos anos no Brasil falava com forte sotaque, era um homem bem extrovertido, falava bem alto, descrente de muita coisa e muito brincalhão.
Contam que certa feita, no bairro do Cancan surgiu uns comentários sobre uma cobra grande que aparecia pela estrada, e cada um que contava que a via aumentava um pouco o tamanho da cobra.  PEDRO ESPANHOL debochava de tais histórias e outras crendices do povo. Uma noite estando em sua venda resolveu pregar uma peça em seus clientes. Fez um imenso feixe de cobertores atravessou na estrada e entrou na venda gritando que a cobra estava na estrada !! Foi o que bastou para que um valente compadre pegasse a espingarda corresse para a estrada e descarregasse o fogo na cobra gigante.  Pedro Espanhol rolou na estrada de tanto rir e quase tomou um tiro devido a peça pregada no compadre. Essa foi apenas uma das várias artes que o Pedro Espanhol fazia. Devido a isso coloquei os causos do meu livro HISTÓRIAS DO ARCO DA VELHA acontecendo na venda do PEDRO VILLAR; foi a forma que encontrei de homenagear meu querido tataravô.
Finalmente veio a falecer no bairro de Lavras, em  São Francisco Xavier, aos 78 anos de idade, em  20/09/1952, deixando segundo  sua certidão de óbito os seguintes filhos vivos: Maria com 55 anos e Antonio com 51 anos (filhos de Ana Francisca); Domingos com 41 anos, Francisco com 39 anos, Otilia com 37 anos, Luziano com 35 anos, Idalina com 33 anos (filhos de Amélia); Joaquim com 16 anos, Luiz com 10 anos e Francisco com 08 anos (filhos de Maria Augusta).
Bem, mas a morte do JOSÉ VILLAR GARCIA, o Pedro Espanhol não poderia ser tão simples assim. No decorrer dos anos, ajudou com donativos e prendas a construção da igreja de São Francisco Xavier e como costume seu enterro deveria passar por lá antes de seguir para o cemitério.  Chegando o cortejo na igreja, a mesma estava fechada e todos estranharam; porém, apareceu o sacristão e informou que MAÇOM NÃO ENTRARIA NA IGREJA.  Pronto !! Foi o alvoroço geral no grande cortejo. Imaginem os leitores o tamanho da encrenca diante de uma família de espanhóis irritados!  O caixão entra ou o caixão não entra na igreja?  Poucos sabiam que no passado ele foi ligado a MAÇONARIA ! Dei várias buscas nos precários arquivos da maçonaria e não localizei o registro dele, sendo que notícias de uma Loja Maçônica em Joanópolis data de 1898.  Porém no período de sua morte, há muitos anos estava ele desligado da maçonaria. Bem, resumindo a ópera, depois de muito impasse e discussões o sacristão abriu a porta lateral da igreja, porém, como bons espanhóis teimosos, afirmaram: OU ENTRA PELA PORTA PRINCIPAL OU NÃO ENTRA !!! Novo impasse e discussões; o tempo passando e o caixão ali no chão! Imagino a alma do Pedro Villar vendo a discussão se deliciando com o acontecido. No final  resolveram abrir a porta da frente e o caixão entrou;  foi encomendado, seguiram para o cemitério onde foi enterrado.  Enfim, tudo estava terminado. Na verdade não !!!  Teve mais um probleminha, ao voltarem do enterro e chegarem na casa, perceberam que um tal QUADRO tinha sumido da parede ! Alguém entrou na casa e consumiu com um certo quadro, que segundo os familiares era o QUADRO DA MAÇONARIA. Pronto !! Novos comentários e muitas dúvidas! Quem roubou o quadro? Chegaram alguns mais maldosos e sem saber o que era maçonaria, afirmarem que alguma força oculta veio buscar o quadro !  Bem, na verdade não sabemos até hoje qual quadro era esse, se era o quadro dos maçons reunidos ou o quadro da Loja Maçônica, e com certeza algum “irmão” resolveu por direito guardar em boas mãos aquela relíquia.
Assim termina a história de meu tataravó espanhol, o vovô espanhol como dizia minha avó materna. Uma vida rica de aventuras e acontecimentos e que deixou uma numerosa descendência em nossa querida Joanópolis e com certeza muitos desconhecidos parentes na cidade de Linares na Espanha querida.  (autor: VALTER CASSALHO).



CAMANDUCAIA - Histórias de Ricardina Fernandes Cassalho


Ricardina Fernandes Cassalho, nascida em 1866, era filha do abastado Domingos Fernandes Cassalho e de Escolástica Bernardina de Sene, cujo casamento e nascimento não foram encontrados nos livros de Camanducaia (antiga Jaguary de Minas), que datam desde 1779, sabe-se no entanto  que o casal possuía muitas posses, quer sejam em terras ou escravos.
Ricardina ao contrário de muitas mulheres de sua época era pessoa  que sabia ler e escrever, tendo o mesmo talhe de letra de seu pai. Dele deve ter adquirido outras características, tais como a ousadia e a teimosia.  Mulher alta, esbelta, de sobrancelhas cerradas e pulso firme, características essas passadas as suas futuras gerações.  
Aos dezessete anos de idade, no ano de 1883, casou-se com Joaquim Alves de Souza, nascido Santo Antonio da Cachoeira, (hoje Piracaia) em 1843, filho de José Antonio de Oliveira (falecido em Piracaia em 05/1/1849) e de Anna Joaquina, constituindo o casal um ótimo patrimônio, no lugar hoje conhecido como bairro do Azevedo e Bonifácios. 
O casal teve ao todo nove filhos, sendo que todos receberam o sobrenome Cassalho como sucessão de sobrenome, sendo que o “Alves de Souza” ficou em segundo plano ou mesmo desapareceu por completo. Graças a esta atitude e ao costume de se manter o sobrenome de maior importância, foi possível perpetuar o sobrenome Cassalho às gerações futuras; se assim não fosse o mesmo teria desaparecido entre os inúmeros Sousas de nosso País.
Seu pai Domingos Fernandes Cassalho, faleceu em 14/6/1885 e  sua esposa dona Escolástica Bernardina faleceu em 19/07/1911, com mais de oitenta anos, vitima de queimaduras, no bairro da Pinguela, em Camanducaia.  Neste período inicia-se uma vida difícil para Ricardina, dado ao endosso de dívidas feitas por seu marido e a diversas crises econômicas que o País atravessou no inicio do século XX.  O casal começa a perder grande parte de seu patrimônio, bem como a não receber muitas das dividas de capital emprestado a terceiros. Associa-se a tudo isso a doença de seu marido, ou seja, problemas de fígado, o qual se agrava  e o mesmo vem a falecer em 24/09/1911, aos 58 anos de idade. Viuva aos 45 anos e mãe de nove filhos, dos quais poucos tinham casado e constituído família, Ricardina assume a chefia  familiar e passa a exercer o oficio de parteira.
Em 1914 casa-se com o viuvo João Antonio da Cruz, porém esse casamento foi desastroso, não durando um ano, a mesma resolve, contrariando os princípios da época, separar-se deu seu segundo marido, indo residir definitivamente em Camanducaia, na casa de seu filho Cipriano Fernandes Cassalho. João Antonio da Cruz faleceu em 24/08/1917, com setenta anos de idade.
Continua nesse período no seu oficio de parteira, montava em seu cavalo como se fosse um homem, usando inclusive calças masculinas para facilitar a montaria,  atendendo diversos bairros.  Conta-se que certa feita, voltando após um parto encontrou um aglomerado  de pessoas na estrada, e viu tratar-se de um cavaleiro que havia caído de seu cavalo e feito grande corte na barriga; imediatamente levou o homem para uma casa ali próximo, desinfetou uma agulha no fogo, lavou bem o corte com água fervida e passou a costurá-lo, enfaixando-o em seguida e dando-lhe algumas ervas de seu conhecimento. Neste período não existiam médicos na região e o transporte para longe poderia causar a morte do mesmo. Semanas depois ao passar pela região, Ricardina foi informada que o moço passava bem. Na verdade seu filho João Cassalho, conhecido como João Peludo, seguiu o oficio de curandeiro, sendo muito procurado por seus poderes psíquicos e seu conhecimento sobre plantas medicinais, recebendo então o apelido de João Curador. Segundo consta a irmã de Ricardina também era conhecida pelos seus dons mediúnicos, sendo que muitos membros da família até hoje se dedicam ou possuem alguns dons ou atividades ligados a tais assuntos.
Conta-se ainda que Ricardina era pessoa muito prendada, fazia desde crivo, bróias (abrolhos) e de roupas velhas confeccionava roupas para crianças recém-nascidas, as quais levava quando ia fazer parto de pessoas carentes e em muitos casos, ao invés de receber a paga, ela era quem levava o costumeiro frango para a dieta da parturiente. Pessoa  resoluta, estava sempre a frente dos negócios da família, alegre como sempre porém de gênio bastante forte . Conta ainda que certa noite voltando de um parto, montada à cavalo, um sujeito a desrespeitou, a mesma encurralou ele com o cavalo e nos dizeres da época labrou o sujeito no chicote. 
Finalmente em 03/10/1933, Ricardina viria a falecer vitima de derrame. Seu corpo após o preparo do caixão (nesta época a maioria eram sepultadas em redes ou lençóis, os ditos bangues) e confeccionada e  vestida a mortalha, posto sapatos, passou pela igreja matriz onde foi encomendada sua alma e seu corpo foi exposto no pátio da igreja, enfeitado com ramos, o mesmo foi fotografado e diversas fotografias foram distribuídas a membros da família, em seguida em grande cortejo foi sepultada no cemitério de Camanducaia. Tais fotografais são guardadas pela família com grande carinho até hoje.
Ricardina foi uma dessas mulheres que não só marcaram sua época, mas deixou sua presença marcante, quer  seja em traços e personalidades em sua família. Curioso que até hoje, netos, bisnetos e tataranetos, mesmo não tendo a conhecido, referem-se a ela com grande carinho e respeito, devido a tão boas histórias que chegaram até nós a seu respeito.


VALTER CASSALHO, formado em História, pesquisador, jornalista e morador da cidade de Joanópolis-SP.  (Foto de dona Ricardina – acervo de seu neto FELICIO DE SOUZA CASSALHO – meu avô materno em Joanópolis).
DOMINGOS  FERNANDES CASSALHO - O CHEFE DO CLÃ DOS CASSALHOS DE CAMANDUCAIA

Há alguns anos venho pesquisando a origem da família CASSALHO, não apenas por curiosidade genealógica, mas também por consistir numa família praticamente única no Brasil, tendo em vista que ao que tudo indica os CASSALHOS do Brasil tiveram apenas uma ou duas origens de imigrantes que aqui chegaram em meados do século XIX.
Os primórdios desta família remonta ao século XIII e XIV na antiga GALÍCIA, o território galego que se mistura sob os domínios espanhóis e portugueses. Sendo grafado como CASSALLO no  norte da Espanha  e grafado como CASSALHO  no norte das terras portuguesas, como em Celorico de Basto, Braga, Porto e Cabeço em Bustos; havendo alguns casos como “CAÇALHO”, lembrando que no português arcaico o som de  SS era escrito com FS  pronunciado como SS mesmo. Existe uma citação de 1829 (Gazeta de Lisboa), sobre  a cidade do Porto falando sobre o militar MANOEL FERNANDES CASSALHO, bem como participação deste na Revolução Liberal de 1820.
No Estado do Rio de Janeiro aparece em meados de 1860, ANTONIO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA dono de uma Loja de Fazendas em Campos dos Goytacazes, doando terrenos para a cidade e fazendo caridade as pessoas, faleceu em 03/6/1883, consta o embarque de Antonio Fernandes de Cassalho Oliveira em 1839 na cidade do Porto/Portugal para o Rio de Janeiro.  Em Campos,  no Rio de Janeiro e em São Paulo aparece  o advogado ANTHERO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA, orador da Loja Maçônica Progresso em Campos dos Goytacazes em 1877. Curioso que aparece ANTERO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA como testemunha do casamento de Bento Sátiro Gomes com Bernardina de Sene (viúva de Joaquim Fernandes Cassalho) em Camanducaia em 14/12/1872. E ainda há a repercussão em jornais do assassinato do abolicionista  ANTONIO EURICO CASSALHO no Hotel Francês pelos escravistas da cidade de Campos  durante o Carnaval de 1887.
Em CAMANDUCAIA  quem dá inicio a todos os CASSALHOS da região é DOMINGOS FERNANDES CASSALHO - nascido por volta de 1820, em Portugal em Vila Nova de Gaia (segundo seu passaporte de 1837 do Porto); embarcou na cidade do Porto (Portugal) em 1837, desembarcou no Rio de Janeiro e rumou para Campos dos Goytacazes. Chegou em Camanducaia antiga Jaguary por volta de 1840 e casou-se com ESCOLÁSTICA BERNADINA DE SENNE, uma das famílias mais antigas da região. O seu casamento foi muito profícuo, logo em 1847 nascia a primeira filha do casal, que foi batizada com o nome de  ANA (1), casada com Antonio Francisco da Rosa em 1863. Depois veio MARIA (2), em 1850, casada em 1866 com Severiano Ribeiro de Sá. JOSE (3) em 1856, casado 1870 com CARMELIA BERNARDINA DE SENE em primeira núpcias e em Cambui em 1878 casou-se com Maria Francisca  Trindade Prado. Faleceu em Camanducaia 1921.  LIBANIA (4), casada em 1871 com TRISTÃO PEDRO RIBEIRO DE SÁ,  nascido em 1851, filho de Francisco Ribeiro de Sá e de Antonia Maria de Jesus; o qual foi  VOLUNTÁRIO DA PÁTRIA lutando na Guerra do Paraguai, sendo os pais de  Adélia Ribeiro de Sá, a qual se casaria com Cypriano Cassalho, filho de Ricardina Cassalho. ADHELAIDE (5), casada com Miguel Antonio Romano em 1875. CAMÉLIA (6) em 1861, casada com José Domingues dos Santos. JOAQUIM (7) nascido em 1848, casado em 27/12/1868 com Bernardina de Sene. Falecido por volta de 1870 e deixou uma filha de nome FAUSTA, nascida em 1869. RICARDINA (8) nascida em 17/05/1866, casada com Joaquim Alves de Souza em 10/11/1883 falecida em 03/10/1933, ocasião que foi fotografada em sua mortalha (como costume de época de famílias abastadas) e tal foto distribuída aos seus descendentes. ETELVINA (9) nascida em 1870 casou-se com Sebastião Antonio Romano em 1883. FRANCISCA (10) nascida em 1872 casou-se em 1888 com Benedito Gomes de Oliveira.DOMINGOS FERNANDES CASSALHO deu origem a uma numerosa prole os quais muitos casaram com membros da família Bernardino de Sene, Ribeiro de Sá e Romano, criando laços familiares e de compadrio gigantescos e influentes na antiga Jaguary.
Analisando os autos de seu Inventário nota-se que  era morador no bairro do Quilombo com área de cem alqueires, onde residia parte da família, seus inúmeros animais e vários escravos familiares tais como: BALTHAZAR, pardo, de 55 anos,  PEDRO – de 50 anos, ELIAS –de 23 anos, JOSE de 35 anos,  casado com BENVINDA de 19 anos com dois filhos pequenos em 1885 de nome JULIA E CECILIA e a escrava VITORIA de 50 anos e seus dois filhos Benedito e José. Possuía terras ainda nos bairros do Camanducaia Acima, Salto e uma casa na cidade.
Falecido devido a uma infecção em 14/6/1885 deixou muitos bens a inventariar e um testamento no qual ele legou a terça parte disponível da herança a sua esposa, ficando esta além da sua metade (meação) com mais uma terça dos bens. Sendo que ESCOLASTICA BERNARDINA DE SENNE viria a falecer em idade bem avançada em 1911 vítima de queimaduras, com mais de oitenta anos de idade. No testamento DOMINGOS FERNANDES CASSALHO declara: “como Chistão Catholico fallecendo onde quer que seja, que  o seu funeral será feito a vontade de seu testamenteiro e que por sua alma se digão cinco missas, sendo uma  de corpo presente, outra no sétimo dia, outra por almas dos captivos, OUTRA POR ALMA DOS QUE TEM MORRIDO NO MAR ALTO, e outras por almas dos seus finados paes”.
Tudo indica ser DOMINGOS FERNANDES CASSALHO de origem portuguesa. Dentro do que recolhi oralmente estava destinado a ser padre, pois geralmente as famílias destinavam um herdeiro para as terras, um para a carreira militar e outro para o clero; sobrando para si o clero, resolveu imigrar para o Brasil.  Dizia os antigos que por não ter aceito ser padre, teve tantas mulheres como filhas (!), o que era prejuízo, tendo em vista o costume de se pagar o dote de casamento por elas. Dos dez filhos apenas dois eram homens,  sendo que Joaquim faleceu muito cedo e deixou uma filha (Fausta). Por isso que se dizia as nove filhas de Domingos Cassalho.
Na época os batistérios valiam como registro de nascimento e era norma lançar somente o primeiro nome e no casamento lançava-se o nome completo, assim, muitas ficaram como Bernardina de Senne e outras como FERNANDES CASSALHO; nos registros dos filhos de acordo com as leis brasileiras prevaleceu o sobrenome paterno em alguns e o de maior importância em outros. Curioso que no caso de RICARDINA FERNANDES CASSALHO (mãe de: Cipriano, José, Sergino, Francisco, Torquato, Benedita, Maria, Domingos e João) prevaleceu o sobrenome CASSALHO e estes por costume passaram a seus filhos e descendentes. Hoje os CASSALHOS espalham-se em especial por Camanducaia, Itapeva, Extrema, Joanópolis, Bragança, Piracaia, Várzea Paulista, Jundiaí e várias cidades e Estados Brasileiros.
Este sobrenome tem um ancestral comum DOMINGOS FERNANDES CASSALHO que um dia escolheu as terras as margens do CAMANDUCAIA para morar e constituir essa numerosa família, que se desenvolveu numa teia de inúmeros e infinitos primos. Portanto, os CASSALHOS são todos parentes, de perto, longe,  de ontem e hoje numa árvore genealógica (Cassalho, Bernardino de Sene, Ribeiro de Sá, Romano e etc) cuja raiz no Brasil inicia-se em nossa querida CAMANDUCAIA, de sementes vindas do além mar, das terras portuguesas e galegas.


VALTER CASSALHO, formado em História, pesquisador, jornalista e morador da cidade de Joanópolis-SP.