quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

DOMINGOS  FERNANDES CASSALHO - O CHEFE DO CLÃ DOS CASSALHOS DE CAMANDUCAIA

Há alguns anos venho pesquisando a origem da família CASSALHO, não apenas por curiosidade genealógica, mas também por consistir numa família praticamente única no Brasil, tendo em vista que ao que tudo indica os CASSALHOS do Brasil tiveram apenas uma ou duas origens de imigrantes que aqui chegaram em meados do século XIX.
Os primórdios desta família remonta ao século XIII e XIV na antiga GALÍCIA, o território galego que se mistura sob os domínios espanhóis e portugueses. Sendo grafado como CASSALLO no  norte da Espanha  e grafado como CASSALHO  no norte das terras portuguesas, como em Celorico de Basto, Braga, Porto e Cabeço em Bustos; havendo alguns casos como “CAÇALHO”, lembrando que no português arcaico o som de  SS era escrito com FS  pronunciado como SS mesmo. Existe uma citação de 1829 (Gazeta de Lisboa), sobre  a cidade do Porto falando sobre o militar MANOEL FERNANDES CASSALHO, bem como participação deste na Revolução Liberal de 1820.
No Estado do Rio de Janeiro aparece em meados de 1860, ANTONIO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA dono de uma Loja de Fazendas em Campos dos Goytacazes, doando terrenos para a cidade e fazendo caridade as pessoas, faleceu em 03/6/1883, consta o embarque de Antonio Fernandes de Cassalho Oliveira em 1839 na cidade do Porto/Portugal para o Rio de Janeiro.  Em Campos,  no Rio de Janeiro e em São Paulo aparece  o advogado ANTHERO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA, orador da Loja Maçônica Progresso em Campos dos Goytacazes em 1877. Curioso que aparece ANTERO FERNANDES CASSALHO DE OLIVEIRA como testemunha do casamento de Bento Sátiro Gomes com Bernardina de Sene (viúva de Joaquim Fernandes Cassalho) em Camanducaia em 14/12/1872. E ainda há a repercussão em jornais do assassinato do abolicionista  ANTONIO EURICO CASSALHO no Hotel Francês pelos escravistas da cidade de Campos  durante o Carnaval de 1887.
Em CAMANDUCAIA  quem dá inicio a todos os CASSALHOS da região é DOMINGOS FERNANDES CASSALHO - nascido por volta de 1820, em Portugal em Vila Nova de Gaia (segundo seu passaporte de 1837 do Porto); embarcou na cidade do Porto (Portugal) em 1837, desembarcou no Rio de Janeiro e rumou para Campos dos Goytacazes. Chegou em Camanducaia antiga Jaguary por volta de 1840 e casou-se com ESCOLÁSTICA BERNADINA DE SENNE, uma das famílias mais antigas da região. O seu casamento foi muito profícuo, logo em 1847 nascia a primeira filha do casal, que foi batizada com o nome de  ANA (1), casada com Antonio Francisco da Rosa em 1863. Depois veio MARIA (2), em 1850, casada em 1866 com Severiano Ribeiro de Sá. JOSE (3) em 1856, casado 1870 com CARMELIA BERNARDINA DE SENE em primeira núpcias e em Cambui em 1878 casou-se com Maria Francisca  Trindade Prado. Faleceu em Camanducaia 1921.  LIBANIA (4), casada em 1871 com TRISTÃO PEDRO RIBEIRO DE SÁ,  nascido em 1851, filho de Francisco Ribeiro de Sá e de Antonia Maria de Jesus; o qual foi  VOLUNTÁRIO DA PÁTRIA lutando na Guerra do Paraguai, sendo os pais de  Adélia Ribeiro de Sá, a qual se casaria com Cypriano Cassalho, filho de Ricardina Cassalho. ADHELAIDE (5), casada com Miguel Antonio Romano em 1875. CAMÉLIA (6) em 1861, casada com José Domingues dos Santos. JOAQUIM (7) nascido em 1848, casado em 27/12/1868 com Bernardina de Sene. Falecido por volta de 1870 e deixou uma filha de nome FAUSTA, nascida em 1869. RICARDINA (8) nascida em 17/05/1866, casada com Joaquim Alves de Souza em 10/11/1883 falecida em 03/10/1933, ocasião que foi fotografada em sua mortalha (como costume de época de famílias abastadas) e tal foto distribuída aos seus descendentes. ETELVINA (9) nascida em 1870 casou-se com Sebastião Antonio Romano em 1883. FRANCISCA (10) nascida em 1872 casou-se em 1888 com Benedito Gomes de Oliveira.DOMINGOS FERNANDES CASSALHO deu origem a uma numerosa prole os quais muitos casaram com membros da família Bernardino de Sene, Ribeiro de Sá e Romano, criando laços familiares e de compadrio gigantescos e influentes na antiga Jaguary.
Analisando os autos de seu Inventário nota-se que  era morador no bairro do Quilombo com área de cem alqueires, onde residia parte da família, seus inúmeros animais e vários escravos familiares tais como: BALTHAZAR, pardo, de 55 anos,  PEDRO – de 50 anos, ELIAS –de 23 anos, JOSE de 35 anos,  casado com BENVINDA de 19 anos com dois filhos pequenos em 1885 de nome JULIA E CECILIA e a escrava VITORIA de 50 anos e seus dois filhos Benedito e José. Possuía terras ainda nos bairros do Camanducaia Acima, Salto e uma casa na cidade.
Falecido devido a uma infecção em 14/6/1885 deixou muitos bens a inventariar e um testamento no qual ele legou a terça parte disponível da herança a sua esposa, ficando esta além da sua metade (meação) com mais uma terça dos bens. Sendo que ESCOLASTICA BERNARDINA DE SENNE viria a falecer em idade bem avançada em 1911 vítima de queimaduras, com mais de oitenta anos de idade. No testamento DOMINGOS FERNANDES CASSALHO declara: “como Chistão Catholico fallecendo onde quer que seja, que  o seu funeral será feito a vontade de seu testamenteiro e que por sua alma se digão cinco missas, sendo uma  de corpo presente, outra no sétimo dia, outra por almas dos captivos, OUTRA POR ALMA DOS QUE TEM MORRIDO NO MAR ALTO, e outras por almas dos seus finados paes”.
Tudo indica ser DOMINGOS FERNANDES CASSALHO de origem portuguesa. Dentro do que recolhi oralmente estava destinado a ser padre, pois geralmente as famílias destinavam um herdeiro para as terras, um para a carreira militar e outro para o clero; sobrando para si o clero, resolveu imigrar para o Brasil.  Dizia os antigos que por não ter aceito ser padre, teve tantas mulheres como filhas (!), o que era prejuízo, tendo em vista o costume de se pagar o dote de casamento por elas. Dos dez filhos apenas dois eram homens,  sendo que Joaquim faleceu muito cedo e deixou uma filha (Fausta). Por isso que se dizia as nove filhas de Domingos Cassalho.
Na época os batistérios valiam como registro de nascimento e era norma lançar somente o primeiro nome e no casamento lançava-se o nome completo, assim, muitas ficaram como Bernardina de Senne e outras como FERNANDES CASSALHO; nos registros dos filhos de acordo com as leis brasileiras prevaleceu o sobrenome paterno em alguns e o de maior importância em outros. Curioso que no caso de RICARDINA FERNANDES CASSALHO (mãe de: Cipriano, José, Sergino, Francisco, Torquato, Benedita, Maria, Domingos e João) prevaleceu o sobrenome CASSALHO e estes por costume passaram a seus filhos e descendentes. Hoje os CASSALHOS espalham-se em especial por Camanducaia, Itapeva, Extrema, Joanópolis, Bragança, Piracaia, Várzea Paulista, Jundiaí e várias cidades e Estados Brasileiros.
Este sobrenome tem um ancestral comum DOMINGOS FERNANDES CASSALHO que um dia escolheu as terras as margens do CAMANDUCAIA para morar e constituir essa numerosa família, que se desenvolveu numa teia de inúmeros e infinitos primos. Portanto, os CASSALHOS são todos parentes, de perto, longe,  de ontem e hoje numa árvore genealógica (Cassalho, Bernardino de Sene, Ribeiro de Sá, Romano e etc) cuja raiz no Brasil inicia-se em nossa querida CAMANDUCAIA, de sementes vindas do além mar, das terras portuguesas e galegas.


VALTER CASSALHO, formado em História, pesquisador, jornalista e morador da cidade de Joanópolis-SP.


20 comentários:

  1. Olá, gostaria de saber se você possui cidadania espanhola pelo sobrenome Cassalho? Se sim, poderia me mandar no email danyfm2@hotmail.com? Minha mãe é Cassalho também (eu não), mas caso esse sobrenome seja possível, eu posso correr atrás disso. Obrigada

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  2. Caro Valter, boa tarde.
    Descobri seu interessante blog navegando em busca de informações sobre uma região de Camanducaia: o Bairro dos Quilombos. Por gentileza, sabe informar se este bairro leva este nome com alguma conotação real? Ali existiu um quilombo? Grata por sua atenção.

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  4. Oi sou filha de Targino Camargo Cassalho e neta de Targino Guimarães Cassalho queria saber se tenho parentesco com vc

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  5. Todos os Cassalhos sao uma mesma familia. Desde 1791 em Oliveira do Douro em Vila Nova de Gaia Portugal.

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  6. Você tem algum parente em camanduCama MG pois a grande parte da família de meu pai e de la

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  7. Os cassalhos são de Vila Nova de Gaia norte de Pirtugal

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  8. Torquato Cassalho é meu avô paterno, Casou-se com Branca Toledo e o casal teve dois filhos, Benedita Cassalho e José Cassalho, sendo José Cassalho meu pai.

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    1. Meu avô Felicio Cassalho falava de um tio Torquato. Nao era muito alto e sempre usava chapéu e um terninho segundo meu avô.

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  9. era de estatura média, usava terno e chapéu, costume da época. Perto de seu falecimento
    em 1966 adquiriu um sítio no bairro dos Pericos onde viveu seus últimos anos.
    Tinha estimas por seu irmão Francisco Cassalho, mais conhecido por Chico Cassalho.

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  10. Oi sou neta de Targino Camargo Cassalho gostaria de saber se alguém tem cidadania portuguesa. Obrigado

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  11. A geração Cassalho do meu avô é grande, não achava que o sobrenome Cassalho fosse tão amplo assim, obrigada Valter por nos ajudar com a pesquisa sobre a origem do nosso sobrenome, pois aqui no Brasil não ele não é comum.

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    1. Preciso saber mais para o livro. Sao 9 os filhos da Ricardina Fernandes Cassalho faltam dados do Domingos, Joao, Francisco e Joaquim. Voce descende dexquem. Preciso completar o livro.

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  12. Muito interessante sua pesquisa, sou bisneta de Cipriano Cassalho minha avó Maria Ribeiro Cassalho.

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  13. Ola meu pai já falecido se chamava, Guimarães Fernandes Cassalho nasceu em Camanducaia Mg

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  14. To chocada q realmente existe várias outras pessoas com esse sobrenome, minha rua se chama João elizeu Cassalho em homenagem a meu bisavô, na rua mora quase toda minha familia todos com o sobrenome Cassalho

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  15. Olá meu sobrenome também é Cassalho, que legal saber sobre a origem do meu sobrenome!! Obg

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  16. Eu sou de Bustos, Portugal, e não me parece que os Cassalhos ou Caçalhos tenham todos a mesma origem. Parece-me sim que Cassalho deve querer dizer o mais jovem dos filhos como no Brasil se utiliza o termo Caçula e depois em alguns casos continuou a ser utilizado como apelido. Aquela palavra caiu em desuso e o seu significado é pouco conhecido.

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  17. Meu falecido avô morava em Camanducaia, o nome dele era José Fernandes Cassalho,era casado com a Terezinha Cassalho,também falecida. Engraçado que ele tinha um filho que também chamava Domingos Cassalho. Sei que temos vários primos em Camanducaia,um dia vou para lá para conhecê-los. Moro em Descalvado, interior de São Paulo.

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