quinta-feira, 28 de março de 2019


O ETERNO CORETO DA MUSICA

Joanópolis é tida como a cidade que nasceu de uma festa e como tal, parece ter brotado da música, pois com toda certeza foi ela quem animou a primeira festa ocorrida em 24 de junho do remoto ano de 1878.
Estes coretos são marcas constantes das pequenas cidades, pois neles se  acomodam as bandas e fazem seus festivais de retretas. Logo que fundaram São João do Curralinho, deram inicio as obras da pequena igreja  e já na sua inauguração ocorrida em 24 de junho de 1887, ocasião em que se celebrou a primeira missa, fez-se presente a  Corporação Musical da sede do município (Santo Antonio da Cachoeira) regida pelos maestros Samuel Freire e José Freire.
Estando a pequena vila tomando corpo de cidade, tinha obviamente que ter sua banda e para isso trabalharam incansavelmente os senhores João Candelária Sobrinho e Antonio Ferreira de Almeida (exímio flautista). Corria o ano de 1889 quando organizaram a primeira sociedade musical  chamada de “Lira Curralinhense” e  contrataram como maestro o professor de música sr.  Bernardino Pereira Lago da cidade de Santo Amaro. Tal corporação teve sua estréia durante as festividades de Reis no dia 06 de janeiro de 1890, com muitos aplausos e foguetes.
O trabalho do maestro Pereira do Lago  foi tão profícuo que na posse da primeira câmara republicana do município (07-01-1893) foi sua corporação convidada a tocar e comandar os festejos na sede do município de Santo Antonio da Cachoeira (Piracaia). O maestro Bernardino Pereira Lago prestou grandes serviços a comunidade e após ter seu trabalho concluído foi para outra cidade formar novas sociedades musicais. Ainda hoje existem algumas partituras assinadas pelo mesmo  arquivadas no Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos sediado no bairro dos Carvalhos em  nossa cidade.
Em 1898  assume a Corporação Musical Curralinhense o maestro Samuel Freire, o qual estreou  seu novo uniforme no dia 23 de junho de 1898 e se exibiu num pequeno coreto então existente. O maestro Samuel Freire era membro de uma das mais tradicionais famílias de músicos da região e foi uma das figuras mais importantes na música e bandas de Piracaia e Joanópolis.
Em 1900 o culto professor João Candelária Sobrinho passou a ministrar aulas de música e formou uma nova banda. Porém faltava alguma coisa para que as sociedades musicais ganhassem novo brilho, foi então que  diversos moradores, câmara municipal e sob a direção do farmacêutico Armínio de Castro Ferraz resolveram construir um novo  coreto no Largo da Matriz, mais espaçoso e imponente. Castro Ferraz após correr listas pela cidade, contratou  os pedreiros e deu inicio  as obras, sendo sua base feita em tijolos e toda a armação e telhado em madeiras trabalhadas com diversos enfeites. O mesmo foi inaugurado em outubro ano de 1900 com grande pompa recebendo o belíssimo nome de CORETO DA MÚSICA.
É neste Coreto da Música que passaram a se concentrar as novas retretas e as diversões após a missa, bem como alguns namoros e apresentações de grupos musicais. Em 1914 já existia a Banda São João do Curralinho sendo contratado para rege-la o maestro João Francisco de Paulo.  Em 1936 surgiu a Corporação Musical Nove de Julho, regida pelo saudoso maestro José dos Reis e pelo compositor Olympio Costa, membros do clube PC (Partido Constitucionalista), porém o clube do PRP  (Partido Republicano Paulista) manteve sua banda sob o comando do já citado Maestro João Francisco de Paulo. Em 1938 para a alegria de todos, ambas as bandas se uniram formando uma das mais belas bandas de Joanópolis. E era lá no Coreto da Música que as mesmas faziam suas belíssimas apresentações.  Em 1951 surgiu a saudosa Lira Joanópolense sob a regência de Genaro Pirocelli, em 1953 assume a regência o sr. Américo Lazzarini e de 1954 a 1962 assumiu a regência o professor de música e maestro João Toledano Sanches.  A Lira  Joanopolense além de se exibir no Coreto, nas procissões e outros eventos, levou o nome de Joanópolis para muitas outras cidades. 
Com a remodelação da Praça na década de 50 o Coreto da Música veio ao chão, porém em seu lugar construíram um de estilo moderno, sem telhado  e amplo, muito charmoso e combinando com o novo estilo da praça com arte nuveau e decó.  Passou esse então a ser o novo Coreto da Música, onde muita gente brincou, namorou, conversou e ouviu muitas bandas. Em 1975, graças ao ativo cidadão Waldomiro Villaça nasceu a Corporação Musical São João Batista, sob a regência do maestro João Toledano Sanches, infelizmente esta encerrou suas atividades no ano de 1977. Todas estas bandas eram compostas por um bom número de músicos e suas regências se davam com pessoas especializadas.
Em 1985 o coreto moderno é destruído e em seu lugar constróem um belo coreto de estilo antigo, bem parecido  com os anteriores, sendo esse hoje o nosso Coreto da Música, onde alguns músicos da cidade se apresentam e bandas de outras cidades animam nossa festa de junho. O Coreto da Música é um símbolo para mostrar quantas pessoas importantes para nossa música e bandas passaram por ele, regeram, lutaram e trabalharam para que banda a sobrevivesse, para que as retretas continuassem.  Um belíssimo trabalho de músicos,  como Bernardino Pereira Lago (nosso primeiro maestro), Samuel Freire (afamado maestro da região),  João Candelária Sobrinho (membro e patrocinador de bandas), Armínio de Castro Ferraz (mentor do coreto da música), João Francisco de Paulo (regente da banda por décadas), Antonio Ferreira de Almeida (chamado de emérito flaustista),  José dos Reis (regente da banda por longos anos), João Toledano Sanches (professor e maestro da banda, do coral da igreja e membro do Bando da Lua), os quais merecem nossas homenagens. O coreto continua na praça, evocando constantemente a banda para vir tocar, para dedilhar a Lira Curralinhense como um eco distante de tempos idos. O Coreto da  Música é eterno e saudoso,  imponente e importante como sempre foi.

Valter Cassalho



sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

MANUEL FERNANDES CASSALHO


MANUEL FERNANDES CASSALHO

pai do chefe do clã dos Cassalhos de Camanducaia.

Continuando a pesquisa sobre os CASSALHOS, acabei descobrindo que DOMINGOS FERNANDES CASSALHO, nasceu em 12 de julho de 1819, em Garfães, paróquia de Santa Eulália em Oliveira D´Ouro, em Vila Nova de Gaia, filho do Capitão Manuel Fernandes Cassalho e Maria da Silva.

Seu pai o CAPITÃO MANUEL FERNADES CASSALHO nasceu em 18/05/1788 na Paróquia de Santa Eulália, em Garfães, era filho de Manoel Fernandes e Maria Fernandes, seus avós paternos eram José Fernandes e Maria Francisca, da freguesia de Vilar de Andorinho e seus avós maternos eram Matheus Fernandes e Thereza Fernandes, da Freguesia de São Pedro do Pedroso, todos da região de Gaia.  Nesta região de Vila Nova de Gaia em especial Oliveira do Douro o sobrenome Fernandes é muito comum, interessante que Manuel recebe o apelido  Cassalho e depois este passa a seus descendentes.

Casou-se com MARIA SILVA, natural de Oliveira do Douro, nascida em 1798,  filha de Antonio da Silva e Quitéria Pinto da Costa. Sendo amigo do padre Domingos Leonardo Farinha, daquela Paróquia, convidou este para ser o padrinho do seu filho, nascido em 12/07/1819, e em homenagem ao padrinho deu o nome de DOMINGOS (Fernandes Cassalho). Este Domingos Fernandes Cassalho emigraria para o Brasil em 1837 dirigindo-se a Campos dos Goytacazes e depois para Camanducaia. Sabemos que além de Domingos, o casal teve mais filhos, como ANTONIO FERNANDES CASSALHO nascido em 04/06/1813 o qual imigrou para o Brasil em 1839 e foi para Campos dos Goytacazes no Estado do Rio de Janeiro, estabeleceu como dono de Loja de Fazendas (tecidos), faleceu em 3/6/1883, deixando boas doações de terrenos aquela cidade, filhos e bom patrimônio. Tiveram ainda JORGE, nascido em 02/03/1816, JOSEPHA nascida em 14/4/1822,  ROSA nascida em 27/08/1823 e Manuel em 15/08/1826 que segundo consta ficaram residindo em Portugal.
MANUEL FERNANDES CASSALHO enviuvou em 19/06/1861, sendo que sua esposa MARIA SILVA faleceu aos sessenta e três anos de idade, tento recebido extrema-unção e oficio de corpo presente foi sepultada no cemitério da paróquia de Santa Eulália.

O capitão MANUEL FERNANDES CASSALHO é citado em jornais e documentos de época com participante da REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO de 1820, cujo movimento teve entre suas várias consequências a exigência da volta da família Real do Brasil para Portugal, bem como o fim do absolutismo português. O capitão aparece em registros militares de Portugal, constando como alferes da 3ª companhia e promovido a tenente de milícias de Vila da Feira, em 1821 na 5ª Companhia.

MANUEL FERNANDES CASSALHO faleceu no dia 27 de janeiro de 1867, em Oliveira do Ouro, como residente em Garfães, na mesma Paróquia de Santa Eulália em Oliveira Douro de Vila Nova de Gaia, repentinamente aos 79 anos de idade, na qualidade de militar reformado e viúvo de Maria da Silva, teve missa de corpo presente, sendo sepultado no cemitério daquela localidade, deixando filhos e testamento.
Pessoa bem conceituada e relevância nas terras portuguesas.