segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Homenagem a BRAZ JÓIA - AS ROSAS E O JARDINEIRO

Ora pois, que as rosas não falam! Talvez não falem mas sintam e expressem com suas cores e aroma o sentido de sua existência.
-Mas onde está o jardineiro?  Perguntou o cravo com ar prepotente.
-Não veio hoje. Respondeu um lírio todo branco e delicado.
-Onde estão as rosas? Indagou o jasmim com ar de espanto.
-Teriam sido roubadas à noite? Levadas por algum aventureiro? Cortadas por um apaixonado? Meu Deus! Onde estão as rosas?  Desesperaram-se as hortências.  
-Jardineiro, jardineiro – onde está você? Gritaram ao vento em uníssono todas as flores.
Silêncio... Ninguém respondeu, a praça estava vazia.
Caiu então a noite e desceram corujas ao jardim e ambas  numa conversa triste lamentavam a morte do jardineiro, que cuidava tão bem das flores, as quais felizes davam seu néctar, atraindo beija-flores, abelhas e borboletas, colorindo a praça da matriz em multicores, espalhando doce aroma por todas as horas. Lastimavam as corujas e diziam como foram orgulhosas as rosas que acompanharam o esquife do jardineiro, deixaram-se cortar com honra e coragem e num último sacrifício e sopro de vida ornaram de cores, mimos e perfumes a despedida de seu guardião.
Entenderam as flores os sumiços das rosas e do jardineiro, amanheceram tristes, sem perfumes, desbotadas, pálidas e murchas. Luto das flores, pelas rosas e pelo jardineiro. Mas, as sempre-vivas em consolo lembraram que morta a flor na terra brotam felizes nos céus e em troca novos brotos e flores renascem na terra numa eterna primavera de mundos.
Consolada as flores, compreenderam que as rosas se foram e outras já estavam brotando, reflorescendo o jardim. No entanto, o jardineiro se foi e outro não veio, nem virá, pois estará ocupado nos Campos do Senhor. 


BRAZ JÓIA (10-09-1911 a 02-03-2004)
Muitas pessoas marcam a história pelos seus feitos políticos, econômicos, científicos e sociais. Mas existem aqueles que marcam com seu carisma, sua vivência e até pelo seu capricho. Assim foi o amigo Braz Jóia, que marcou a história de Joanópolis pelo capricho com que cuidava das roseiras e de toda a praça de Joanópolis na década de 70. Não há quem não se lembre do jardim daquela época, em que todos se encontravam aos domingos, após a missa, na praça, com o curioso costume dos homens caminharem no sentido horário e as mulheres no sentido anti-horário ou vice-versa, facilitando assim encontros e paqueras. As roseiras viviam felizes ao sol, podadas em épocas e formas corretas, cuidadas com carinho e ciúme de seu guardião. Roubar uma delas era encrenca com o Braz Jóia e seu maior orgulho era ouvir os elogios sobre a rainha das flores e o perfume que elas exalavam por toda praça. 
Braz Jóia morreu em março de 2004 - aos 93 anos de idade, considerado o cidadão mais antigo de nosso município, estimado por todos os moradores e um exemplo de boa memória e bom viver.

Um comentário: