quarta-feira, 9 de janeiro de 2013



MAÇONARIA EM JOANÓPOLIS  - 105 ANOS DE EXISTÊNCIA



(21/08/1907 - 21/08/2012)


Foto: Solenidade maçônica do Curralinho, pelos idos de 1907, nas quais figuram os srs. Antonio Moscardini, Teotonio Santana, João Santana, José Cândido da Silveira, Carlos Vítor, Francisco Wohlers, ----- Palmiro, João Ferreira de Melo, João Villaça, Cap. Antonio Mathias Franco, Olympio da Silva, Benedito Ribeiro da Silva, Pedro Klaus, José Lopes de Moraes, Estelita Ribas, Lázaro Faria Teles, Evilasio Caparica, Nabor Silva, Gregório de Souza Rego, Luiz Ottoni de Almeida, Braulio Alvares.

 UM MOSAICO DE FATOS



(p/Valter Cassalho)

Falar dos primórdios da Maçonaria em Joanópolis, é um pouco difícil, dado a escassez de documentos e obstáculos criados nos arquivos de algumas Lojas, os quais praticamente não possuem catálogos ou índices. Muito dos históricos que chegaram as minhas mãos, são fragmentos que juntados com a argamassa da boa vontade formam um pequeno mosaico em cujo jogo de luz e trevas nos revelam um pouco da face da maçonaria em nossa cidade.
Joanópolis, outrora São João do Curralinho foi fundada oficialmente em 1878, tendo naquele momento alguns maçons presentes na construção da vila de São João do Curralinho, com destaque especial para Luiz Antonio Figueiredo e Anselmo Gonçalves Caparica, pertencentes a Loja Amor da Pátria  de Bragança Paulista (antiga Conceição do Jaguary).
No dia 17 de outubro de 1898, em publicação do Jornal “O Munícipe”, foi noticiado a organização de uma Loja Maçônica na cidade, porém há a ressalva de um irmão sobre o fato, o qual transcrevo na íntegra: ”Consta-nos que vae-se organisar nesta villa uma loja maçônica. E’ cedo para isso, caros irmãos, possivelmente o autor era Augusto Sodré de Farias, redator do dito jornal. No entanto, pelo que consta não conseguiram naquele momento tal intento.
Com a morte de Anselmo Caparica em 30 de junho de 1902, o jornal o Curralinhense ao publicar sua biografia, cita: “Anselmo Caparica foi também sócio-fundador d’uma loja Maçônica em Bragança em 1877”. Esses dois fatos indicam que existia uma certa intimidade entre a Maçonaria, a Imprensa e a  intelectualidade local, pois se assim não fosse, para não causar balbúrdia, estes fatos não seriam publicados num jornal com tanta naturalidade. Ao que tudo indica assuntos maçônicos eram comuns no cotidiano da pequena classe dominante do município e obviamente, dado aos nomes nela envolvidos, deveriam ser muito respeitados.
As reuniões desses maçons ocorreram a principio em Bragança Paulista e mais tarde em Piracaia, as quais tiveram seu inicio nas discussões políticas e econômicas nas “casas de assistir” pertencentes aos coronéis do café, localizadas na sede municipal (Piracaia). Obviamente dentro de tais discussões que adentravam a noite, deve ter surgido o gérmen da Loja de Piracaia e mais tarde de Joanópolis. Para as reuniões os  moradores de Curralinho se dirigiam a cavalo e dado a distância, muitas reuniões eram feitas durante o dia e quando realizadas a noite  aos visitantes era oferecido o “pouso” nas fazendas ou mesmo na cidade.
Em 29 de maio 1903, Antonio Luiz da Silveira (*1868+1933), escrivão de paz de S. João do Curralinho,  membro da Loja de Piracaia (a qual seria regularizada em outubro), envia oficio ao sr. Emidio Heider, comunicando sua ausência e de outros irmãos, bem como informa sobre documentos de Carlos Trindade (*1876+1909).
Em 1905, o sr.  Benedicto Costa, mestre maçom, morador do Curralinho, partia em viajem para a Itália pelo período de três meses, comunicando  e augurando ordem e progresso a  Loja Maçônica Triângulo e Luz e segurança à sua família. Já em outubro de 1906, os srs. Luiz Ottoni de Almeida e Antonio Pedro de Oliveira, também moradores do Curralinho, eram iniciados nos mistérios maçônicos  na Loja de Piracaia.  No ano seguinte, a comissão da Loja Triângulo e Luz, composta pelos curralinhenses: Nabor Silva, Antonio Pedro de Oliveira, João Gonzaga Villaça, fez visita oficial ao maçom  José Gomes Faria Telles, para inteirar-se sobre seu estado de saúde. Neste mesmo ano é comunicado uma lista de alguns irmãos do Curralinho, para acertarem documentos com a referida  Loja, na qual constam os mestres :Carlos Trindade, Alipio Fernandes Cardoso, Benjamin Ferreira de  Moraes, Antonio Luiz da Silveira (18), Francisco Wohlers (18), João Gonzaga Villaça, Luiz Antonio de Almeida, José Lopes de Moraes, Theotonio Sant’Anna, Manoel Fernandes de Almeida, Carlos Victor, os filiados Claudio Alvarez e Luiz Belardi, os aprendizes Lázaro Antonio Pereira e Antonio Pedro de Oliveira
Dado ao aumento dos maçons curralinhenses inicia-se um movimento para a fundação de uma Loja própria. Esse movimento começa a tomar corpo no inicio de 1907, reunindo-se numa loja provisória, a qual após os preparos materiais e legais conseguiram autorização para regularização, sendo inaugurada em 21 de agosto do ano de 1907. Porém documentos de maio e agosto de 1907 já eram feitos em papel timbrado com o nome de Augusta e Respeitável Loja “Moral de Liberdade”, provando que a oficina provisória já existia há algum tempo, estando bem equipada e organizada. Segundo informações verbais dita loja localizava-se em uma casa do lado de baixo do antigo largo da Cadeia. Assim era expresso o convite de inauguração:
Em 1907 desfiliaram-se da Loja de Piracaia, o sr.  Braulio Alvarez (*1871+1913) e o sr. Manoel Fernandes de Almeida (*?+1918), provavelmente para se filiarem a Loja de sua cidade. No ano seguinte no documento de desfiliação de Miguel Marota (app), aparece a seguinte diretoria Venerável Nabor Silva, orador Evilásio Caparica, secretário Luiz Ottoni de Almeida, 1º Vigilante Francisco Wohlers,  2º Vigilante Estelita Ribas  e  tesoureiro Godofredo Frederigue; esta deveria ser a primeira Diretoria da Loja, eleita para biênio (1907-1908). Entretanto por motivos obscuros, a Loja teve vida curta, pois segundo consta em 1911 ela se fundiu com a Loja de Piracaia, a qual somente veio a fechar no final da década de 20, com o desgaste econômico do café e a repressão política do período.
Somente nos anos 80, com o sr. José de Mello Freire, um grande entusiasta maçom, que se filia a Loja Universitária de Bragança Paulista e unido a outros mestres-maçons, residentes em Joanópolis, inicia um trabalho de renascimento da Maçonaria em Joanópolis, sendo iniciados em Bragança Lauro Ivan Gonçalves Bueno, Valter Cassalho, Claudio Delvecchio, Gustavo Bermudez, Claudio Boscolo, Mario Silveira, entre outros; sendo a loja reaberta em 30 de abril de 1989, ano do segundo centenário da Revolução Francesa (14/07/1789) iniciando-se a partir desta data a nova vida da Loja “Moral e Liberdade”.
Termina aqui uma parte do infinito Mosaico da História da Maçonaria em Joanópolis, cujas laterais do ladrilho apontam para todos os lados, indicando sua amplitude, bem como as alternâncias entre as cores, mostra os pontos vagos ou obscuros que compõem este relato.

Foto: Solenidade maçônica do Curralinho, pelos idos de 1907, nas quais figuram os srs. Antonio Moscardini, Teotonio Santana, João Santana, José Cândido da Silveira, Carlos Vítor, Francisco Wohlers, ----- Palmiro, João Ferreira de Melo, João Villaça, Cap. Antonio Mathias Franco, Olympio da Silva, Benedito Ribeiro da Silva, Pedro Klaus, José Lopes de Moraes, Estelita Ribas, Lázaro Faria Teles, Evilasio Caparica, Nabor Silva, Gregório de Souza Rego, Luiz Ottoni de Almeida, Braulio Alvares.

3 comentários:

  1. E que mosaico heim?
    Excelente artigo, em que parte da história da nossa querida Joanópolis, teve a participação de pessoas ilustres há 105 anos e que devem ter contribuido muito pelo social.
    Parabéns pelo resgate da memória.

    abraços

    Ronaldo Faria

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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